Acusada por Silvio Prado (PSOL) de possuir um imóvel em Ubatuba não declarado, Pollyana Gama (PPS) respondeu e provou com documentos; fora do ar, a candidata se desentendeu com Ortiz Jr (PSDB) por causa das cartas enviadas a eleitores

Nathália Oliveira

Paulo de Tarso Venceslau (colaborou)

Na noite de quinta-feira, 22, o debate entre os sete candidatos a prefeito na TV Câmara foi marcado por ataques entre todos os postulantes ao Palácio do Bom Conselho. Mas os maiores embates ocorreram na reta final da transmissão e após as câmeras terem sido desligadas. Pollyana Gama esteve envolvida nesses dois confrontos.

O primeiro pôde ser acompanhado pelos telespectadores. Foi quando o candidato professor Silvio Prado (PSOL) denunciou a existência de um apartamento em Ubatuba no nome candidata, mas que não teria sido declarado. O segundo, quando todas as câmeras estavam desligadas, Ortiz Júnior (PSDB) e Pollyana se confrontaram abertamente.

Crédito: CMT

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Apartamento em Ubatuba

No último bloco do debate, já nas considerações finais de todos os candidatos, Prado afirmou que Pollyana seria proprietária de um apartamento na cidade de Ubatuba localizado no Itaguá, local de grande movimentação na cidade litorânea, e que não tinha sido registrado como bem no cartório eleitoral.

Durante a sua fala, a candidata admitiu a existência do imóvel e afirmou se tratar de uma herança. O tempo limitado impediu maiores esclarecimento.

Na sexta-feira, 23, a candidata esclareceu em nota a situação do apartamento. “Com relação à pegadinha eleitoral criada pelo candidato do PSOL, Prof. Silvio Prado, no debate da TV Câmara, no dia 22, esclareço que NÃO TENHO APARTAMENTO EM UBATUBA, NO LITORAL NORTE DE SP”, destaca.

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De acordo com o documento, “o apartamento situado na cidade de Ubatuba foi adquirido, em 2004, pelos irmãos Carlos Alberto Winther de Araújo, Luiz Winther de Araújo Júnior e Zélia Beatriz Winther De Araújo. Na data da aquisição, eu, Pollyana, então casada com Carlos Alberto Winther de Araújo em regime de comunhão parcial de bens, fui qualificada como cônjuge no ato do lavramento da escritura, sendo este um procedimento legítimo e obrigatório”, continua a nota.

Ao se separar em 2007 de Carlos Alberto Whinter de Araújo, pai de sua filha, após quase 10 anos de casamento, Pollyana recebeu na partilha de bens um apartamento no bairro Jardim das Nações e desistido do imóvel em Ubatuba. “Como ato de partilha, permaneci com o imóvel em que morava com minha filha, na Rua Canadá, em Taubaté (legalmente declarado), abrindo mão, assim, do quinhão correspondente ao referido apartamento”.

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Como prova, Pollyana enviou cópias da Certidão de Casamento, da averbação de separação e o registro no cartório do apartamento. Especialistas consultados pela reportagem afirmam que a resposta da candidata foi bastante consistente.

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Por outro lado, na mesma sexta-feira, Prado se aproveitou para estocá-la: “Falam muito sobre transparência e no debate eu quis mostrar que isso não é verdade. Ortiz Júnior de forma enganosa ilude o povo e a Pollyana que oculta patrimônio”.

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Entre tapas e beijos

Pollyana e Ortiz Júnior são amigos de longa data. A política, porém, os afastou. Os dois estudaram juntos na Escola Ezequiel. Em 2004, Pollyana foi eleita vereadora pela primeira vez e Ortiz Júnior foi cabo eleitoral de Roberto Peixoto de triste memória, eleito prefeito para seu primeiro mandato. Pollyana também respaldou Peixoto naquele início de governo. Por motivos distintos, ambos se afastaram do Palácio do Bom Conselho. E aos poucos se afastaram um do outro. Mantiveram apenas um relacionamento formal e civilizado

Na quinta-feira, porém, assim que as câmeras da TV Câmara desligaram, teve início um segundo round quando Pollyana passou a desferir críticas pesadas e aberta ao tucano. “Júnior, como você consegue ser tão cínico?” Ortiz respondeu que “a candidata deveria se preocupar com a própria campanha”. O clima esquentou quando Pollyana chamou o tucano de “monstro” que rebateu chamando a vereadora de “Peixoto”.

Ortiz Junior

A estratégia de enviar cartas criticando a campanha da candidata do PPS aos moradores de Taubaté teria enfurecido a vereadora.

Nossa reportagem apurou que em 2011 Ortiz Jr teria contratado com recursos da FDE uma empresa de pesquisa para visitar todos os domicílios da cidade. Os entrevistadores se apresentavam como funcionários da prefeitura e pediam para responder um questionário. Todos achavam que fosse coisa do Peixoto. As respostas dessa pesquisa estariam em um banco de dados que permite enviar cartas personalizadas, como as que foram enviadas pelo candidato tucano.

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Carta enviada para famílias

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Carta para quem gosta de política

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Carta para quem detesta política

Para o candidato do PSOL que presenciou o “espetáculo”, “pareciam dois lutadores frente a frente”. Todos os candidatos à prefeitura e a produção da TV ainda estavam no estúdio quando começou a discussão. “Isso só mostra que a base do governador Geraldo Alckmin está se desentendendo”, ressaltou Silvio Prado.

Não houve agressão física, mas foi necessário que as pessoas presentes os separassem para impedir que acontecesse.

CONTATO procurou Pollyana Gama e Ortiz Júnior para comentar o ocorrido, porém não obteve resposta.