Vereadores aliados do prefeito na questão da municipalização divergem com os colegas que não acreditam na proposta.
Um dos assuntos mais debatidos na história recente de Taubaté, a municipalização do Hospital Universitário, voltou à tona na Câmara. Após prestação de contas do secretário municipal de Saúde, João Ebram Neto, os vereadores debateram fortemente na sessão de segunda-feira passada.
Notoriamente contra a proposta do prefeito Ortiz Junior (PSDB), o vereador Digão (PSDB) manteve seu posicionamento durante a sessão e afirmou que, na realidade, o HU não seria municipalizado, mas apenas custeado por prefeitura, Estado e União.
“O secretário [João Ebram Neto] não desmentiu em nenhum momento isso que estou falando”, comentou Digão.
As palavras do vereador, durante a sessão, eram direcionadas aos vereadores da base aliada, em especial a Bobi e Dentinho do PV. Aliás, em tom mais assertivo, Digão quis deixar claro que os parlamentares que são a favor da proposta estão “alterando” o que ele diz sobre o projeto.
“Não vai atender somente o taubateano, e a gente cansa de falar isso. A partir do momento que atende SUS, precisa abrir a porta do hospital”, ressaltou.
Diferentemente do vereador tucano, Bobi utilizou o espaço para seguir o que diz o projeto do prefeito.
“O hospital municipal será de porta fechada, a triagem será no Pronto Socorro. Não podemos falar que vai atender mais gente de fora do que gente de Taubaté”, disse Bobi.
Menos exaltado que os colegas, Dentinho limitou-se a dizer que “nós precisamos muito desse hospital”.
Entretanto, a história da municipalização do HU segue sendo muito nebuloso. O próprio secretário de Saúde disse durante a prestação de contas que o projeto oficial é “menos suntuoso” do que é dito pelos vereadores que são a favor.
“O que se pretende é um hospital sob a gestão municipal. Acho que existe uma grande diferença”, contou.
Apesar de ter prometido a base aliada que assumiria o HU em março de 2018, os mistérios envolvendo o projeto para a unidade deixa até o Estado confuso. O próprio projeto já passou por várias transformações, sendo que a intenção inicial era de acoplar o Pronto Socorro Municipal com o Hospital Universitário, servindo como retaguarda aos pacientes. Originalmente, o PSM seria gerido pela prefeitura e o HU pelo Estado.
A municipalização seria a última transformação da proposta. O intuito é que as duas unidades (PSM e HU) sejam controladas pela prefeitura, que visa gerir as vagas. Atualmente, a Cross (Central de Regulamentação de Ofertas de Serviços de Saúde) é quem detém esse poder.
A questão financeira também atrapalha o desenrolar do processo. O Estado gasta R$ 60 milhões com o Hospital Universitário. Com a municipalização, a prefeitura quer que os gastos sejam divididos entre ela, o Estado e a União.