Pesquisa do IBOPE divulgada na segunda-feira, 24, põe gasolina na fogueira eleitoral. O petista Fernando Haddad cresceu de 19 % na pesquisa anterior para 22 %, encostando no capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL) que manteve os mesmos 28 % da pesquisa anterior. O resto é o resto. Pelo menos é o que apontam os números.
Bolsonaro ainda lidera a corrida. Mas os resultados da pesquisa do Data Folha que serão divulgados na sexta-feira, 28, poderão encerrar sonhos e acirrar ainda mais a disputa eleitoral quando faltam 11 dia para a realização do primeiro turno.
Outro tempero é a rejeição. A de Bolsonaro saltou de 42 % para 46 %, o maior índice entre os cinco principais candidatos. A de Haddad foi de 28 % para 32 %. Os demais, mesmo que desprezíveis na corrida, ficaram abaixo de 30 %. Ao centro, embora desdenhado, mas desejado pelos dois polos, caberá a responsabilidade final para os eleitores que vierem a acreditar na versão light “paz e amor” do PT ou de Bolsonaro.
Fernando Haddad na versão “paz e amor”
Se houver o mínimo de racionalidade do eleitor comprometido com a democracia, bastará uma busca rápida no Google para descobrir que existe uma enorme diferença entre os dois candidatos.
Antes, porém, preciso lembrar que sou ex-petista (fui expulso do partido em 1998) e não me faltam argumentos para criticar o PT que sempre acobertou as falcatruas do ex-líder sindical metalúrgico. Portanto, não tenho qualquer simpatia por Lula. Fatos que podem ser comprovados no mesmo Google.
Por outro lado, por mais que eu tenha argumentos contra o PT, sou obrigado a reconhecer que ele governou o País durante 12 anos respeitando a Constituição. Essa constatação é um comprovante factual de respeito à democracia. Apesar de algumas manifestações extemporâneas de parte de seus dirigentes, o PT tem respeitado as regras do jogo democrático. Religiosamente.
Já o capitão reformado tem sistematicamente afirmado e reafirmado ao longo dos anos sua falta de compromisso com valores democráticos. Confira algumas de suas próprias citações selecionadas por Zuenir Ventura:
Escritor e jornalista Zuenir Ventura com fardão da Academia Brasileira de Letras
“Eu sou favorável à ditadura, tu sabe disso (1991, na TV). O erro da ditadura foi torturar e não matar” (2016, na TV);
“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente FHC” (1999, na TV);
“A PM devia ter matado 1.000, e não 111 presos” (sobre o Massacre de Carandiru);
“Não vou combater nem discriminar, mas, se vir dois homens se beijando na rua, vou bater” (2002);
“Não te estupro porque não merece” (para a deputada Maria do Rosário (PT), na Câmara). “Ela é muito ruim, muito feia, não faz o meu gênero”;
Ofensas de Bolsonaro a colega na Câmara que rendeu processo
“O afrodescendente mais leve lá (no Quilombo de Eldorado Paulista) pesava sete arrobas. Não fazia nada. Nem para procriar ele serve mais” (2017, no Clube Hebraica do Rio);
“Foram quatro homens (filhos), a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher” (no mesmo lugar);
“Eu não empregaria [mulheres e homens] com o mesmo salário” (na RedeTV!, em 2016).
Moradores do Quilombo de El Dorado (SP)
Acrescento ainda duas frases selecionadas por mim:
“Não adianta nem falar em educação porque a maioria do povo não está preparada para receber educação e não vai se educar. Só o controle da natalidade pode nos salvar do caos” (julho de 2008).
“Tem que dar meios para quem, lamentavelmente, é ignorante e não tem meios controlar a sua prole. Porque nós aqui controlamos a nossa. O pessoal pobre não controla [a dele]”, afirmou em 2011, sobre esterilização.
Seguindo o rumo apontado por mestre Sebe, revelarei meus votos, no plural mesmo. No primeiro turno, votarei em Marina (Rede) por considera-la porta-voz de uma proposta de abrangência global e sustentável. No segundo turno, se for mantida a tendência apontada pelas pesquisas de um confronto entre Bolsonaro e Haddad, eu votarei democraticamente contra o fascista representante das vivandeiras de 1964.