A terra de Lobato vive um clima de negação da cultura. Literalmente
Tem um secretário de Cultura que não manda nada, cercado por dois assessores: uma prima do prefeito que faz tudo que o marido manda e um membro do seu estafe que resolve as questões financeiras. Leia-se, agenciar espetáculos na periferia. E o secretário? Lamenta nas redes sociais: “Sou artista!”
Não confundir negação cultural com a contracultura da década de 1960, um movimento de contestação de caráter social e cultural que ganhou força, principalmente entre os jovens, que perdurou pelas décadas posteriores até os dias atuais. A contra cultura valoriza a natureza, a vida comunitária, a luta pela paz, a alimentação natural, o respeito às minorias raciais e culturais, o amor livre e por aí vai.
Curiosamente, foi um comediante de gosto duvidoso que revelou o estágio do atraso e da ignorância cultural de Taubaté. O fato é mais grave porque simultaneamente a Prefeitura colocou tantos obstáculos para a realização do show de Chico Teixeira que levou o artista a cancelar o espetáculo.
Chico Teixeira cancelou show por não suportar pressões da Prefeitura
Aos fatos
Na quarta-feira, 21, publicamos a matéria Nuvens negras chegam a Taubaté, referente a três episódios: a intervenção do governo Bolsonaro na Universidade do Ceará, o cancelamento do show de Chico Teixeira por ele próprio e o vídeo de divulgação do show Bullying Art do comediante Leo Lins.
Na segunda-feira, 19, o Diário Oficial da União informou que o professor Cândido Albuquerque era o nome do reitor preferido por Bolsonaro. Ele obteve o menor número de votos na consulta pública na universidade e o segundo colocado na lista tríplice realizada pelo Conselho Universitário (Consuni). 610 votos derrotaram os mais de 7700 votos do primeiro colocado. Provavelmente, seguindo uma orientação recebida de Virgínia, nos EUA, enviada pelo guru Olavo de Carvalho.
Na terra de Lobato, na quinta-feira, 22, Chico Teixeira cancelou seu show por não aceitar interferência da Prefeitura no conteúdo de seu show. Ver em http://www.jornalcontato.com.br/home/index.php/nuvens-negras-chegam-a-taubate-paulo-de-tarso/
Nessa mesma semana, circulava nas redes sociais um vídeo de propaganda do stand up de Leo Lins, que pode ser visto em https://www.facebook.com/leolinsoficial/videos/1113252042207526/
Incomodado com a repercussão negativa provocada pela amostra divulgada pelo humorista em sua postagem, o prefeito mandou cancelar o contrato de uso do espaço do Teatro Metrópole. CENSURA EXPLÍCITA! O “gênio” que gere a Prefeitura tentou se camuflar atrás de seus auxiliares, o secretário de Turismo e Cultura Márcio Roberto Carneiro e a diretora de Cultura Maria Antonieta Luz Patto Ito, que assinam o comunicado que cancelava o contrato assinado. Isso tudo na antevéspera do espetáculo.
De quebra, a esposa do prefeito postou críticas ao show agendado para o Teatro Metrópole, gerido pela Prefeitura. Outro recurso usado pelo prefeito para “não se expor”. Mas os textos da primeira dama tinham suas impressões digitais.
Prefeito Ortiz Jr (PSDB) e a primeira dama Mariah
O advogado do produtor cultural que alugou aquele espaço entrou com um pedido de liminar junto à Justiça, que manteve a realização do show de humor. Antes mesmo de obter essa vitória, o humorista Leo Lins afirmava em postagens que faria show em Taubaté. O prefeito Ortiz Jr. (PSDB) era um dos alvos das piadas.
Na decisão do juiz Paulo Roberto da Silva, da Vara da Fazenda, ele determina que a Prefeitura se abstenha de proibir a realização do show e que “eventuais responsabilidades por eventuais ofensas a pessoas físicas ou jurídicas poderão ser apuradas por quem entenda ter sido ofendido”.
Conclusões
No sábado, 24, Teatro Metrópole lotado, Leo Lins fez o público chorar de tanto rir. Confira em https://www.facebook.com/2061612987452269/posts/2387264368220461/ Apesar de não fazer meu gênero, foi mais uma vitória contra a censura e a pretensão de Ortiz Jr interferir em atividades culturais. Mutatis mutandis, o prefeito age de forma muito parecida com a do capitão presidente.
Leo Lins comprou a briga com a Prefeitura e vence
Em Taubaté, o setor de cultura é literalmente desprezado. Tem como principal atividade atender pedidos de vereadores que querem realizar algum evento em suas bases políticas. Não passa de uma moeda de troca.
Se houvesse algum interesse, o secretário, a diretora, e porque não o prefeito, teria noção do conteúdo do stand up de Leo Lins. A Prefeitura tem todo o direito de selecionar os espetáculos que demandam o espaço do Teatro Metrópole. Porém, é inadmissível que após firmado o contrato a administração pública cancele ou interfira no conteúdo artístico.
CENSURA NUNCA MAIS!!!