Depois de perseguir professores, o ministro Weintraub conseguiu criar atritos diplomáticos com China e Israel. Agora seus insultos se transformaram em caso de polícia
Era previsível. Após a eleição de Jair Bolsonaro, parte da máquina federal estava condenada a se transformar num picadeiro. Mas nem os circos de interior aceitariam Abraham Weintraub em seu elenco.
O ministro da Educação nunca escondeu a que veio. É um provocador profissional, disposto a prejudicar milhões de estudantes para fazer guerrilha ideológica. Desde que tomou posse, ele usa o cargo para ofender e fabricar polêmicas. No pouco tempo que sobra, dedica-se a torturar a língua portuguesa.
Weintraub teve recepção de grande liderança na saída de seu depoimento à PF
O Seu Creysson do bolsonarismo já havia feito lambança no Enem do ano passado. Agora teimava em não adiar a prova deste ano, apesar da pandemia que fechou as escolas em março. Só recuou depois que o Senado aprovou a suspensão do exame por 75 votos a 1 —o único a se opor foi Flávio Bolsonaro, o amigo do Queiroz.
Depois de perseguir professores e estudantes, Weintraub conseguiu a façanha de criar atritos diplomáticos com China e Israel. Ele insultou o maior parceiro comercial do Brasil com uma postagem de cunho xenófobo, em que debochava da dicção dos imigrantes chineses. Na semana passada, irritou os israelenses ao comparar uma operação contra blogueiros de aluguel à Noite dos Cristais, que marcou o início do massacre de judeus na Alemanha nazista.
O ministro virou caso de polícia. Investigado por racismo, teve que depor ontem à PF. Valentão na internet, preferiu ficar em silêncio diante do delegado. Na saída, foi carregado nos ombros por uma pequena claque que o esperava com uma bandeira monarquista e um cartaz contra o comunismo.
Um dos participantes da cena era o blogueiro Marcelo Stachin, investigado no inquérito das fake news. Weintraub ainda terá que voltar à Federal para explicar suas ofensas a ministros do Supremo.