O que teria provocado a decisão de José Saud (MDB) de desistir de sua participação no debate agendado para dia 25 na TV Câmara e discutido desde o dia 18 de novembro com a concorrente Loreny (Cidadania)?
Uma coisa é certa. Qualquer neófito em política eleitoral sabe que o candidato que lidera uma disputa não tem interesse na realização de debates. Essa regra tem tantos exemplos que dispensa suas apresentações. No pleito taubateano, até segunda-feira 23, não havia qualquer sinal a respeito de pesquisas realizadas informalmente. Mas qualquer pedra ou pedaço de asfalto sabia que estavam sendo feitas pesquisas nas residências dos eleitores nos bairros e nas ruas, inclusive do centro. Quem estaria bancando?
A ficha só caiu na terça-feira 24 através de uma denúncia “anônima”. Foi o que teria informado o membro titular do Conselho da TV Câmara e Ouvidor Jeferson Melo, representante da sociedade civil no referido Conselho. A “denúncia” anônima dizia que teria ocorrido vazamento das questões que seriam formuladas pelos funcionários da Câmara.
Teria ocorrido uma quebra de regras? Quais regras?
Na segunda 23 a campanha parecia desandar e o vale tudo estaria valendo
O debate foi agendado para quarta-feira, 25, a partir das 21h, com transmissão ao vivo pela TV Câmara. “As regras do debate foram discutidas com representantes das duas coligações no dia 18, em um encontro que reuniu o diretor de Comunicação, Júlio Rocha, a chefe de redação, Tânia Vinhas, o procurador jurídico, Guilherme Ricken, a chefe de Cerimonial, Larissa de Paula, e o presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, Thiago Rodrigues”.
Definiram que “o encontro ocorrerá no estúdio da TV Câmara, onde estarão apenas os candidatos e o mediador, Carlos Abranches, além da equipe técnica e da produção da TV.
O debate será dividido em cinco blocos. No 1°e 4º, os candidatos farão perguntas entre si e terão uma rodada de perguntas ou comentários livres, em formato de “banco de minutos”; no 2º, responderão perguntas feitas pela produção. No 3º bloco, os candidatos poderão explicar suas propostas de governo a cada tema apresentado, e o 5º bloco será reservado para considerações finais e direito de resposta, se houver”.
Observa-se que as perguntas definidas pela produção estavam confinadas apenas no 2º bloco e que seriam definidas no dia do debate, quarta-feira 25, às 19h:30, sob as mais rigorosas normas de segurança. Os detalhes do debate seriam acertados com os representantes das duas coligações às 15h:00 da quarta-feira.
Na hora agendada, a coligação do candidato Saud protocolou um documento no qual relata que um membro do Conselho da TV Câmara teria acionado a Ouvidoria da Casa para investigar o suposto vazamento. E que diante desse fato, que quebrava as regras definidas no dia 18, Saud não participaria do debate. O candidato aproveitou para insinuar de forma irresponsável à rádio Metropolitana que pelo fato de a vereadora Loreny ser candidata, o vazamento teria sido feito por funcionários da Câmara.
Trata-se de uma versão que não tem pé e nem cabeça.
Vazamento pressupõe existência de algum fato real. No caso, seriam as questões que seriam formuladas a partir das 19h:30 da quarta 25 para o debate que teria início às 21 horas. Portanto, às 15 horas de terça não havia absolutamente nada. Esses fatos estão devidamente documentados e podem ser encontrados no site da Câmara.
Senador Major Olímpio teria sido um tiro no próprio pé de Loreny
Diante dessa constatação, ficam as dúvidas e perguntas. Por exemplo: se as questões não estavam formuladas, o que teria vazado? O conselheiro e ouvidor não sabia das regras estabelecidas? Como dar credibilidade a uma denúncia anônima feita um dia antes do evento, que teria vazado antes de terem sido formuladas? (Por exemplo, uma denúncia que eu teria sido assassinado e que facilmente eu poderia checar que estava vivo e não aceitar a denúncia). Haveria alguma prova de que a “denúncia” foi feita? Como a denúncia foi parar com o ouvidor se os canais oficiais disponíveis conduzem à Câmara?
Fui informado que todos esses passos foram transmitidos à Justiça. Tomara! E se de fato ocorreu, quem sabe possamos descobrir as verdadeiras causas que estariam por trás dessa estranha e misteriosa desistência mal explicada.
O beabá da política ensina que a fuga de debates costuma ser praticada por quem lidera a disputa. E quem colabora com esse tipo de prática costuma ser bem recompensado. Dentro de 40 dias poderemos ter uma resposta.