O Alto Comando do Exército se reúne hoje para discutir a situação de Eduardo Pazuello e, segundo um general quatro estrelas que acompanha de perto as discussões da cúpula da Força, ela “nunca esteve tão solidamente posicionada numa mesma direção, que é a de proteger a instituição”.
Em outras palavras, o Alto Comando está fechado quanto à necessidade de punir o general, nem que isso custe a cabeça do seu número 1, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, responsável pelo veredicto final.
Bolsonaro já avisou que não quer que Pazuello, seu protegido, seja punido por ter comparecido a uma manifestação em seu apoio. Mas, para o Exército, o que está em jogo suplanta os desejos do presidente: trata-se de reafirmar ou jogar por terra o princípio da disciplina, um dos pilares de sustentação da Força.
No que tange a Pazuello, ele já fez a sua opção: entre o Exército e Bolsonaro, ficou com o segundo.
Agraciado ontem pelo ex-capitão com uma sinecura na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, o general agora se prepara para ingressar em outra fileira: a dos militares insubordinados que, punidos ou expulsos de suas corporações, enveredam pela política.
General Paulo Sérgio, recém nomeado comandante do Exército Brasileiro
A essa categoria pertencem o próprio Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão, além do falecido senador Major Olímpio e o deputado Daniel Silveira, ambos eleitos pelo PSL.
Pazuello discute apenas qual o partido a que se filiará e o cargo que disputará em 2022 -cogita desde uma vaga no Senado (pelos estados do Rio de Janeiro, Amazonas ou Roraima) até o governo do Rio. No final, como sempre, será Bolsonaro quem decidirá.
O destino do general que envergonhou o Exército com suas ações e omissões no comando do ministério da Saúde fará pouca diferença para o Brasil.
Já o estrago que ele causou à já esgarçada relação entre o Exército e o Executivo terá efeito mais amplo – e poderá ser medida até o fim da semana, a partir da reação de Bolsonaro à crucial decisão do comandante Paulo Sérgio.