O povo é a maior vítima de qualquer guerra
Nada justifica uma guerra como a invasão da Ucrânia pela Rússia no início do século 21. Quem provocou? Quem começou? Sempre existe versões diferentes por parte de algum lado.
Alguém acredita que Wladimir Putin é burro? Um mentecapto despreparado como o ex-capitão que lhe declarou solidariedade? Qualquer cidadão minimamente informado sabe que o líder russo tem uma longa militância política à esquerda e à direita. De agente da KGB e há 20 anos no poder, conseguiu metamorfosear-se de líder comunista para ponta de lança do capitalismo neoliberal. E por aí vai.
Putin na recepção a Reagan em 1980
Alguém acredita de Joe Biden é um santo? Que jamais iria declarar guerra a uma país aliado ou inimigo/adversário? Que ele tem poder suficiente para se colocar acima e impor um rumo ao Departamento de Estado dos EUA? Que ele jamais enviaria tropas armadas com a tecnologia de ponta para prender, matar um homem ou estado que ele julga pernicioso aos interesses norte-americanos? E por aí vai.
Rússia e EUA são duas potências com ações e sonhos imperialistas. As lideranças de plantão desempenham muito bem seus papéis. Risinhos e tapinhas nas costas em público enquanto seus exércitos bem armados estão sempre em ação ou treinamento para dominar o que e quem eles julgam uma ameaça.
Existe uma diferença entre eles: a Rússia tenta reconstruir um império milenar depois da perestroika e a glasnost nos anos 1980 e da derrubada do muro de Berlim em novembro de 1989; os EUA tentam impedir a visível decadência e o aprofundamento das divisões internas em que se encontram. Briga de cachorro grande. EUA tem a maior e mais poderosa força militar do planeta. A Rússia tem a segunda.
O bombardeio russo foi implacável na quinta-feira 23
Na plateia, o imper..ops, a liderança de plantão de um outro império assiste de camarote o embate entre dois fidagais inimigos/aliados. Não existe um lado bom, ético e pacífico. O DNA militarista sempre falou mais alto entre eles.
O empenho dos Estados Unidos para impor a progressiva expansão da OTAN até as fronteiras da Federação da Rússia é uma ameaça à segurança nacional deste país e à paz regional e internacional.
Vamos encurtar a história milenar do conflito. A Ucrânia fez parte da URSS e sua capital Kiev já foi capital do império russo e desde 1991 passou a integrar o clube dos países independentes. Em fevereiro de 2014, já havia denúncias sobre a expansão da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre a Ucrânia, que fez parte e tem uma enorme fronteira com a Federação Russa.
Em 2018, a Assembleia Geral das Nações Unidas registrou a denúncia da perigosa expansão da OTAN em direção às fronteiras com a Rússia. Em 2014, a Rússia já havia invadido e anexado a Crimeia e a cidade de Sevastopol. Uma verdadeira briga de gato e rato. Os reais interesses envolvidos eram omitidos e transformados em mesquinharias ideológicas pelos dois lados.
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Desde 2021, o governo dos EUA passou a acusar a Rússia de preparar uma “iminente invasão massiva” à Ucrânia, o que justificava o fornecimento de armas e tecnologia militar àquele país, devidamente regada por uma campanha propagandística antirrusa.
Os dois lados esticaram a corda. As justificativas eram as mesmas: sentiam-se ameaçados. As atividades militares russas não passariam de treinamento e a campanha capitaneada pelos EUA se resumiria à ajuda para a construção de um estado democrático, apesar de todas a contradições.
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Como impérios de tradição militarista, os mortos, feridos e refugiados não passariam de “efeitos colaterais”.
Eu torço pela Ucrânia apesar do seu presidente Volodymyr Zelenski, um ex-comediante, ser sido um seguidor de Donald Trump. A OTAN não é flor que se cheire. Sei também que, conhecedor desses detalhes, o imper… ops, o dirigente chinês Xi Jinping espera o final da briga em seu palácio para escolher a parte que lhe caberá para fortalecer seu império que teria até data para comemorar: 2030.