Bolsonaro conduziu Milton Ribeiro da Universidade Mackenzie para a cadeia
A prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, suspeito de participar de um balcão de negócios no MEC, traz duas más notícias para Jair Bolsonaro.
A primeira é a volta do escândalo ao noticiário a menos de quatro meses da eleição presidencial.
Em março, Bolsonaro disse que botaria a “cara no fogo” pelo pastor. Agora terá que explicar o envolvimento de um auxiliar próximo num esquema de cobrança de propina em troca da liberação de verbas federais.
Milton Ribeiro ainda ministro da Educação
O caso fragiliza ainda mais o discurso de que não há corrupção no governo, já desmentido em casos como a negociata das vacinas no Ministério da Saúde.
A segunda má notícia para Bolsonaro é a constatação de que a Polícia Federal não está completamente neutralizada pelo Planalto.
Nos últimos anos, o presidente interferiu abertamente na PF, trocando delegados e superintendentes responsáveis por investigações que envolviam seus filhos e amigos.
Isso o ajudou a abafar inquéritos com alto potencial de dano para a sua candidatura à reeleição.
Ao prender o ex-ministro bolsonarista, a PF mostra que não está 100% dominada pelo capitão.
Além das duas más notícias, a operação desta quarta-feira traz um lembrete para Bolsonaro.
Ribeiro foi preso menos de três meses depois de perder o cargo e o foro privilegiado. Se for derrotado nas urnas, o presidente também ficará sem blindagem a partir de 1º de janeiro de 2023.
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Só para recordar (Redação)
Em 22 de março, Milton Ribeiro pediu demissão do ministério da Educação depois que vazou um áudio de um pastor pedindo recursos do FNDE, seguindo orientação do presidente.
Os pastores Gilmar Santo e Arilton Moura agiam como lobistas que se reuniam com prefeitos para facilitar acesso a recursos o FNDE mediante pagamento de propinas que envolviam livros com foto do então ministro e até mesmo para compra de bíblias.
Milton Ribeiro com os pastores Arilton Moura (ao fundo) e Gilmar Santos
Presidente Bolsonaro e sua esposa Michelle saíram em defesa do ex-ministro: “Boto minha cara no fogo pelo Milton” (presidente Bolsonaro); o pastor “provaria que é uma pessoa honesta” (Michelle).
A ação de hoje, teve início no STF, mas foi enviada a 1ª Instância quando Milton Ribeiro deixou o ministério. A Polícia Federal cumpre mandados de prisão e busca e apreensão dos dois pastores, além de Ribeiro. A operação foi autorizada pela 15ª Vara Federal do DF envolvendo ainda 13 mandados de busca e apreensão, 5 prisões preventivas em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.