A versão mais conhecida dessa frase é aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei. A versão Lula 03 está cada vez mais parecido com as versões anteriores.
O que me chamou a atenção foi a coluna da jornalista Malu Gaspar em seu blog no site de O Globo com o título “Petrobras nomeia gerente demitido por corrupção como interino para driblar compliance” acompanhado com a chamada: “Bancado por Jean Paul Prates, o ex-funcionário Luís Fernando Nery já despachava desde junho como assessor da presidência”.
A situação constrangedora em que Lula colocou seu ministro da Fazenda no último episódio a respeito de déficit zero em 2024 reforça a imagem de um presidente que não deve suportar olhar para um espelho porque sua imagem tem a ousadia de ser semelhante ao próprio quando deveria estar alguns degraus abaixo.
Vou me limitar à Petrobrás. E sugiro a leitura da coluna de Malu Gaspar (ler AQUI). Ali estão contemplados as digitais e DNA desse presidente que não consegue sair de seus limites sindicais de outros tempos.
Santarosa, sindicalista de Paulínia, assumiu a gerência de Comunicação em 2003 até se aposentar em 2015
Esclarecendo. A gestão da Petrobras nas versões Lula 01 e 02 foi e em parte do período Dilma Roussef foi marcada por práticas tão condenáveis que transformaram em lei um conjunto de regras informais para que um negócio opere legalmente, com os padrões, leis, regulamentos e conduta ética específicos do setor.
O caso Petrobras é emblemático porque ele existe desde que a empresa pública foi criada por Getúlio há 70 anos. O ouro preto como é chamado o petróleo já provocou e continua provocando o outro lado do progresso: corrupção, crimes, golpes de estado, revoluções e até genocídios. Por que não? As guerras no Oriente Médio que o digam. O mais recente é a conflito Israel X Hamas que poderá se transformar no estopim de uma 3ª Guerra Mundial.
A Petrobras opera em 14 países, tem um valor de mercado estimado em US$70,5 bi, um ativo avaliado em quase 1 trilhão de reais e lucro de R$190 bi segundo o balanço de 2022. Trata-se de um estado dentro do estado brasileiro. Uma fonte permanente de cobiça e corrupção apesar da complience devidamente legalizada e vigente.
O movimento sindical petroleiro sempre soube do que peso e do significado da Petrobras. Foram muitos os dirigentes sindicais que participaram e ainda participam do governo Lula em todas as suas versões. Assim como participaram e participam de governos petistas antes mesmo do partido assumir a presidência em 2003.
A prefeitura de Campinas foi governada de 1989/1992 por Jacó Bittar, um dos líderes dos sindicalistas petroleiros de Paulínia onde opera uma grande refinaria da Petrobras. Bittar convocou muitos companheiros para a sua administração municipal. Inclusive Wilson Santarosa que 10 anos depois assumiria a gerência de comunicação da empresa e seria um dos protagonistas na gestão da Petrobrás no governos Lula 01 e 02 e até 2015 do governo Dilma; e este ano lançou um livro de memórias “Nós criamos a identidade da Petrobrás”.
Sem levar em consideração esses enormes pequenos meandros fica muito difícil para um cidadão normal, cumpridor de seus deveres entender episódios como o relatado pela jornalista Malu Gaspar.