O desconhecido ex-deputado estadual Sérgio Victor (Novo) foi eleito prefeito da terra de Lobato. Essa estranha figura não contou com o apoio das forças políticas tradicionais que estavam nos braços de Ortiz Júnior. Aliás, o novo prefeito poderá ser conhecido como Sérgio “Marçal” Victor. Qualquer semelhança com o outsider, coach ou qualquer outro adjetivo para o candidato a prefeito em São Paulo não será apenas coincidência. Pequenos enormes detalhes: dividir bolsonaristas embora de se a.firmar como antissistema e aglutinar um público frustrado com o ex-presidente. E ser antipetista e antiesquerda, ia me esquecendo.
Recordando rapidinho: 1) o prefeito atual fez um governo sofrível e sua candidatura não foi levada a sério e sobrou-lhe apenas a laterna na disputa eleitoral; 2) o ex-prefeito era apontado como o vencedor ainda no primeiro turno, uma prova viva do amor vivo do povo ao seu pai que partiu sem conhecer o triste fim de seu herdeiro político, que acaba de ser humilhado pelo PSDB; 3) a candidata apoiada pelo ex-presidente e pelo comandante do partido sequer conseguiu ir para o segundo turno; 4) a candidata da esquerda comprovou mais uma vez a hegemonia conservadora da ex-capital do Vale, e desconheceu o seu inútil esforço de posar com trajes de evangélica e comportamento mais adequado aos padrões de costume dominantes; 5) Sérgio “Marçal” com a mesma postura do original, que disputava a prefeitura da capital, sequer era levado em consideração, um eterno desconhecido até crescer nas pesquisas e vencer a eleição.
Ortiz Jr venceu primeiro turno mas foi fragorosamente por Sérgio “Marçal” Victor
Diante desse flash, não precisa ser nenhum cientista político para concluir que não serão poucos os problemas políticos do futuro prefeito. Alguns indicadores: 1) minoria absoluta na Câmara Municipal; 2) promessas eleitorais de que não fará acordos espúrios com os vereadores; 3) ausência de apoiadores preparados para enfrentar os problemas anunciados como a dívida com o CAF de US$60 milhões feita pelo prefeito Ortiz Jr e não paga pelo sucessor e os problemas de saúde que vão da qualidade de atendimento até da falta de hospital, entre outros.
Os primeiros sinais desses obstáculos já entraram em cena. Doze dos dezenove vereadores apresentaram emenda reduzir de 20% para 6% a margem de remanejamento do orçamento de 2025, quando a Prefeitura estará sob a batuta de Sérgio “Marçal” Victor (Novo). Ou seja, trata-se de um recado explícito: o prefeito terá de comer na mão dos vereadores que controlam a Câmara Municipal. Quem são eles, por enquanto? Douglas Carbonne (Solidariedade), Coletor Tigrão (Cidadania), Boanerge dos Santos (União), Diego Fonseca (PL), Jessé Silva (Podemos), Moises Pirulito (PL), Nunes Coelho (Republicanos), Paulo Miranda (MDB), Richardson da Padaria (União), Bobi (PRD), Talita Cadeirante (PSB) e Vivi da Rádio (Republicanos). Um balaio ideológico de gatos. Nenhum deles apoiou o prefeito.
Nem o apoio de Bolsonaro impediu o fracasso de Márcia do PL
Essa emenda será votada nesse mês de dezembro junto com o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA). A única moeda que o prefeito eleito dispõe são promessas e outras cositas que ele prometeu não utilizar.
Passado o clima eleitoral, a rotina deverá dominar o meio ambiente da Câmara. Um clima que costuma favorecer aqueles que navegam ao sabor dos ventos do Palácio Bom Conselho, enquanto outros, em geral minoria depois de alguns meses, são sempre confrontados com um clima pouco amigável caso não aprovem os projetos e propostas do Poder Executivo.
As primeiras informações sobre a nova equipe são animadoras: 1) a médica Rosana Gravena, secretária da área em Jacareí desde 2016 e vice-prefeita, deverá assumir a Saúde que vive seus priores momentos; 2) Marco Tolomio, com vasta experiência com ONGs e presidente da APAE há quatro mandatos consecutivos, deverá assumir a secretaria de Desenvolvimento e Inclusão; 3) arquiteta Marcela Franco, concursada da Prefeitura desde 2005, hoje secretária de Obras e Planejamento em Pindamonhangaba desde 2017, deverá ser a titular do Planejamento Urbano; 4) o veterano Fernando Vale deverá assumir o Esporte; 5) ainda em debate a possiblidade de executivo com expertise em indústria, aposentado, assumir esse segmento. Notícias animadoras, por enquanto.
Arquiteta e urbanista, Marcela Franco deverá assumir o Planejamento Urbano
A transição, que parecia caminhar civilizadamente, parece que desandou. Pelo menos é a conclusão que se pode tirar do comunicado assinado pelo diretor de Governança e Coordenador da Comissão de Transição dirigido a todos os secretários proibindo qualquer atividade nesse sentido.
É esse o clima que perdura na terra de Lobato. Politicamente nada animador e uma equipe que, embora incompleta, poderá apresentar boas soluções e propostas.
Vamos acompanhar o andar da carruagem do novo governo municipal e, como democrata militante, torço pelo sucesso do novo prefeito.