Todos sabem que as eleições municipais propriamente ditas só deverão ocorrer em outubro de 2016, menos de um ano, porém, já existem movimentos que podem ser detectados a olhos nus, principalmente junto aos órgãos de imprensa

 

Parece folclore, mas não é, um fato que ocorreu nos corredores do Palácio do Bom Conselho, quando um conhecido “jornalista” argumentava aos berros que precisava de dinheiro e ouvia como respostas que esse assunto é tratado por uma agência de publicidade que venceu a licitação pública.

Havia um jornalista em Taubaté que cunhou uma expressão para descrever esse jornalismo de ocasião: devezenquandário. O autor? O saudoso Waldemar Duarte que dava nó em pingo d’água, imprimindo em máquinas muito velhas aquele seu jornal A Voz do Vale que não existe mais.

Mas também existe a imprensa compromissada ideológica e politicamente com alguma causa ou pessoa. Por exemplo, aqui na terra de Lobato um conhecido empresário compra um jornal que estava ruim das pernas e uma das primeiras matérias da nova gestão foi uma longa entrevista que seu repórter fez com o novo proprietário.

Na ocasião, ele imaginava que teria espaço para disputar a eleição municipal.

 

Joffre Neto (PSB) concede entrevista exclusiva para o jornal Via Vale de Caçapava

Joffre Neto (PSB) concede entrevista exclusiva para o jornal Via Vale de Caçapava

 

Joffre Neto (PSB) concede entrevista exclusiva para o jornal Via Vale de Caçapava

Joffre Neto (PSB) concede entrevista exclusiva para o jornal Via Vale de Caçapava

 

 

Alguns fatos

Irani Lima é um jornalista assumidamente comprometido com Lula e Dilma, muito embora tenha sérias e graves divergências com o Partido dos Trabalhadores. Mesmo assim, seu blog é lido por gregos e troianos. Cuidadoso na apuração mesmo afastado das redações profissionais, sua opinião agrada uns e desagrada outros. A liberdade de imprensa precisa de gente como Irani.

Apesar desse cuidado na apuração, ele parece que cometeu um deslize no sábado, 24, ao publicar uma postagem intitulada “Eu sei o que a Polícia Federal veio investigar em Taubaté”. Ali ele conta que no começo da noite de sexta-feira, 09, o engenheiro Chico Oiring recebera um torpedo informando que a Polícia Federal acabara de sair do antigo prédio da Resolução Gráfica, adquirido pela Prefeitura com recursos federais do Fundeb. Irani minimiza a ação policial, preferindo colocar suas fichas na rapidez com que teria sido realizado o negócio entre a Prefeitura e os proprietários da Resolução.

CONTATO imediatamente acionou seus repórteres para apurar se de fato teria ocorrido aquele episódio relatado pelo blogueiro. Não foi encontrado um único vestígio. Para não exagerar, uma pista com cheiro de especulação pura e simples.

Chico Oiring relatou para Irani que da última vez que prestou esclarecimentos à PF no final de setembro, os policiais descartaram todas as informações que ele forneceu, exceto uma: a compra do prédio da Resolução há quase dois anos pela Prefeitura. Detalhe: até hoje nada foi feito naquele espaço nobre, além de milionário.

CONTATO apurou que o Procurador da República em Taubaté não tinha tomado qualquer providência por falta de provas. A legislação vigente permite o uso de recursos do Fundeb para aquele tipo de negócio. Apurou também que a funcionária da Prefeitura que teria fornecido a chave do prédio para a PF seria esposa de um inimigo figadal do prefeito Ortiz Júnior, tendo-o ameaçado.

Edna Chamon, secretária da Educação, afirmou desconhecer o episódio e garante que se alguma coisa tivesse ocorrido em unidades da sua secretaria, com certeza ela teria sido informada.

Da mesma forma, vizinhos da rua Emílio Winther, no entorno da antiga Resolução, garantem que nada viram de anormal na sexta-feira, 09.

 

Às vésperas de eleições municipais, alguns jornais assumem abertamente um compromisso com alguns possíveis candidatos e pirateiam descaradamente imagens de outros veículos

Às vésperas de eleições municipais, alguns jornais assumem abertamente um compromisso com alguns possíveis candidatos
e pirateiam descaradamente imagens de outros veículos

 

Jornal em Revista Via Vale

Esse veículo da imprensa de Caçapava e que pretende atingir todo o Vale do Paraíba, mantém uma estranha relação com um segmento tucano. De um lado, é crítico em relação ao prefeito de Caçapava, Henrique Rinco de Oliveira (PSDB), por outro, é cristalino seu estreito relacionamento com os tucanos joseenses e taubateanos.

Na edição 536 de outubro de 2015, o Via Vale enaltece o tucano Emanuel Fernandes, ex-prefeito de São José dos Campos e provável candidato à sucessão do petista Carlinhos de Almeida, anuncia uma entrevista exclusiva com vereador Jofre Neto (PSB) que faz críticas mordazes ao presidente da Câmara Rodrigo Luís Silva (PSDB), o Digão, um crítico declarado às últimas posturas do prefeito tucano Ortiz Júnior, principalmente nas que envolveram a doação de área para a empresa Valle Sul.

Para quem não sabe, Joffre Neto é o líder de fato do prefeito Ortiz Júnior na Câmara e tem mantido fortes laços com políticos que antes simplesmente repudiava. Quem teria mudado? Como teria sido a tratativa da entrevista concedida à Via Vale? Por que Digão não foi ouvido apesar de citado inúmeras vezes pelo entrevistado? Curiosamente, a mesma publicação elogia sem qualquer restrição a política do prefeito Ortiz Júnior na terra de Lobato. Há quem diga que não existe coincidência.

Nessa mesma edição existem outros problemas que podem comprometer a imagem de uma imprensa livre e independente. Por exemplo, a Via Vale publica na sua página 10 uma nota sobre a visita do senador tucano Aloysio Ferreira ao prefeito Ortiz Júnior, ilustrada com duas fotos pirateadas do Jornal CONTATO sem qualquer crédito.

E para encerrar, na mesma edição há um texto apologético ao juiz José Aparecido Rabelo, titular da 1ª Vara de Caçapava, afastado de suas funções pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme noticiou o Jornal CONTATO há cerca de dois meses. Na edição da Via Vale, há uma pequena matéria informando a estranha relação do juiz com o empresário areeiro Adilson Franciscate.

A ofensiva de partidos e candidatos às eleições em 2016 colocará mais uma vez em cheque quem é quem na imprensa regional. Levando-se em conta o jogo pesado que predomina na disputa pela presidência da Câmara Municipal, CONTATO entrevistou também o vereador Joffre Neto que, logo no início, reproduz o requerimento que fez ao presidente da Câmara para que “informe porque procurou o Jornal CONTATO e outras pessoas para expor a mencionada gravação de confissão de atos criminosos”.

CONTATO não foi procurado por ninguém e solicita publicamente que Joffre Neto comprove sua afirmação. Digão declinou do convite para ser entrevistado.
A seguir, os melhores momentos da entrevista concedida por Joffre Neto.

 

 

Entrevista com o vereador Joffre Neto

Duas semanas após receber o requerimento dos vereadores Joffre Neto(PSB) e Jeferson Campos (PV) aprovado na Câmara no dia 13, solicitando esclarecimentos; o presidente Rodrigo Luís Silva “Digão” (PSDB) protocolou sua resposta na terça-feira, 27, as 17h50; CONTATO ouviu a opinião deJoffre Neto sobre as respostas

 

CONTATO – A resposta do presidente da Câmara atendeu sua expectativa?

JOFFRE NETO- No requerimento nós solicitamos algumas informações: 1) Decline o nome dos vereadores citados na gravação das denúncias que estão em seu poder. 2) Informe porque procurou o Jornal CONTATO e outras pessoas para expor a mencionada gravação de confissão de atos criminosos, reforçadas pelo testemunho do vereador José Antônio de Angelis “Bilili”, mas não procurou os vereadores mencionados na gravação para ouvir a versão destes e contrastá-las com a versão do denunciante; 3) Porque até a presente data 12 de outubro não há notícia de ter tomado todas as providências cabíveis.

C: Quais foram as respostas?

JN: Eis as respostas de Digão com meus respectivos comentários:

1- Digão: O Regimento Interno garante que os vereadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiarem informações.Joffre: “Com esta resposta ele implicitamente confirma que existe uma gravação e que ele sabe de nomes de pessoas citadas”.

2- Digão: Este vereador não expôs qualquer informação à imprensa. Joffre: “O vereador Digão falou na tribuna que ele foi até a casa do editor do Jornal CONTATO. Então, nessa resposta ele mente”.

3- Digão: Não existiam, na época, “providências cabíveis” a serem tomadas. Após requisição do Ministério Público, informações foram prestadas conforme protocolos nºs 491/20145, de 22/10/2015 e 490/2015 de 22/10/2015.Joffre Neto cita três medida que Digão deveria ter tomado diante de uma denúncia sobre o projeto de doação de área. “1- Devolver à prefeitura o projeto de doação de área à empresa Valle Sul; 2- Encaminhar as provas ao Ministério Público; 3- Requerer a abertura de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as denúncias”. Joffre cita ainda que: “O vereador Bilili disse na tribuna que detinha um documento que citava dois vereadores. Então, eles tinham em seu poder prova material e testemunhal”.

C: Essas medidas seriam suficientes?

JN – Como presidente da Câmara ele tinha que ter devolvido esse Projeto de Lei de doação de área para o prefeito e dar ciência aos vereadores. E já que ele tinha documentos ele devia encaminhar essa denúncia ao MP. Tanto isso é verdade que depois que a informação se tornou pública através da imprensa, ele encaminhou, e o próprio Promotor requisitou através de ofício à Câmara essas provas. Uma contradição.

Além disso, o vereador Luizinho relatou que antes da publicação da reportagem do CONTATO, foi procurado pelo vereador Bilili fazendo ameaças e dizendo que ele tinha uma gravação que envolveria o nome do vereador.

Não foi dada importância a essa fala porque ele sempre costuma dizer que tem provas e gravações de que vereadores frequentavam o gabinete do vereador Henrique Nunes, que cedia espaço para ele [Bilili] para sua atuação de “fura-filas” na área da saúde.

Ele queria incriminar todos os vereadores dizendo que todos pagavam a ele uma quantia mensal para ele manter esse esquema de fura-filas. Em várias oportunidades ele já disse que tinha gravação desses vereadores, durante o ano de 2012, entrando no gabinete dele.

C: Essas denúncias vão influir no processo de escolha do Presidente da Câmara para 2016?

JN – Eles [Digão e Bilili] introduziram essa questão no processo da disputa da presidência para 2016. Fizeram ameaças, fizeram um acharque velado a um vereador concorrente à presidência.

Qual seria o objetivo desta ação? Fazer chantagem política contra adversários.

C: Quais serão os próximos passos agora?

JN – Exigir que ele [Digão] responda na Comissão de Ética porque não tomou essas providências. Diante disso, ele quebrou o decoro parlamentar, porque ou ele mentiu na tribuna ou ele está mentindo agora ao responder esse requerimento.Isso precisa ser esclarecido através da Comissão de Ética.