Jornalista (?) Sérgio Camargo
Já falamos no blog Quadro-negro sobre negros racistas com negros. Do personagem Stephen, interpretado por Samuel L. Jackson no filme Django Livre, de Quentin Tarantino.
Tarantino também faz Bastardos Inglórios, sobre um grupo de judeus que resolve vingar-se de nazistas e acabar com a guerra em uma tacada só.
Não tocou no assunto dos judeus nazistas. A maioria dos filmes sobre a Segunda Guerra não falam deles. O Pianista, filme de Polanski, ao menos fala dos judeus colaboracionistas. Em geral, “zés-ninguém”, que finalmente viam uma oportunidade de, sem esforço, ser algo na vida. Ainda que traidores do próprio povo. Oportunistas de toda sorte que, por senso de sobrevivência ou fraqueza de caráter, aceitavam o emprego que judeus dignos se recusavam: guardas de segurança no gueto de Varsóvia. Algozes dos seus.
Cena de O Pianista, de Polanski, sobre a colaboração dos judeus ao nazismo
Antes da guerra, o judeu Max Naumann fundou a Associação dos Nacional-Judeus Alemães. Naumann viu com bons olhos a ascensão de Hitler ao poder, e apoiou o programa nazista. Falava muito mal do ativismo judeu, falava mal das lideranças de seu povo, falava mal da militância judaica. Quando deu-se por si, havia sido ele mesmo preso por nazistas e enviado a um campo de concentração.
O exótico Sérgio Camargo, jornalista de quem ninguém havia ouvido falar, e que acaba de aceitar colaborar com o novo governo, assumindo a Fundação Palmares, falou mal de duas lideranças de seu povo. Zumbi e Marielle.
“Zumbi seria hoje um defensor de bandidos”, “Marielle não era negra”. E outras excentricidades.
O judeu Hans-Joachim Schoeps fundou a Vanguarda Alemã, já em pleno nazismo. Schoeps era um aplicado historiador e, acima de tudo, um patriota. Entrou em uma cruzada contra músicos e poetas judeus. Para ele, havia uma arte mais elevada, “mais alemã”, a qual a cultura judaica corrompia. Era um judeu herói entre os nazistas.
Sérgio Camargo, que em suas postagens em redes sociais nota-se a ausência de negros, é patriota e um herói entre os apoiadores do governo. Disse que “A música de Mano Brown não tem valor. Será cobrada no vestibular da Unicamp em pé de igualdade com Camões. Um absurdo esquerdopata”.
Os judeus nazistas odiavam comunistas. Achavam que o nazismo era a última linha de defesa contra a expansão da extrema-esquerda na Europa.
Enquanto milhões de judeus eram exterminados, tiveram seus momentos de celebridade, de poder, de destaque na mídia.
Mas, uma vergonha para seu próprio povo, morreram no ostracismo.
Já ideias, não. Infelizmente vez em quando voltam como fantasmas muito vivos, e em tempos de holocausto.
O holocausto negro no Brasil, do qual Palmares é símbolo fundamental.
A História anda em círculos.