Durou ao menos 17 anos a relação entre a família Bolsonaro e o miliciano Adriano da Nóbrega, morto na madrugada de domingo. Em 2003, o herdeiro Flávio propôs uma menção de louvor ao “ilustre tenente”. “Desenvolve sua função com dedicação, brilhantismo e galhardia”, justificou.
Em julho de 2005, o primeiro-filho voltou a premiar o PM com a Medalha Tiradentes, a mais importante do Estado. A honraria foi entregue na cadeia. Adriano estava preso pelo assassinato de um guardador de carros que acusou policiais de extorsão.
Três meses depois, o patriarca Jair saiu em defesa do detento. Na tribuna da Câmara, disse que Adriano era um “brilhante oficial” que não merecia estar em cana. “Coitado, um jovem de vinte e poucos anos”, lamentou. Ao fim do discurso, ele informou que o advogado do réu recorreria da sentença.
O miliciano ainda seria preso outras duas vezes até receber o cartão vermelho da PM, em 2013. Sua expulsão do Bope não abalou a relação com o clã presidencial. Até o fim de 2018, Flávio empregou a mãe e mulher de Adriano na Alerj. As duas repassaram R$ 203 mil a Fabrício Queiroz, apontado como o operador da “rachadinha” do gabinete do primeiro-filho.
Filho Zero Um apresentou e aprovou a homenagem mais importante da ALERJ
Considera doum exímio atirador, o ex-caveira encarnou como poucos abanda podre da polícia do Rio. Enquanto ainda vestia a farda, vendeu proteção à cúpula do bicho e integrou o grupo de extermínio conhecido como Escritório do Crime.
Nos últimos anos, Adriano também comandou a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste. Além de cobrar taxas dos moradores, passou a erguer prédios fantasmas —o negócio da construção irregular já matou 24 pessoas e continua a prosperar na cidade, coma leniência do Estado e da prefeitura.
As memórias do chefe de milícias valiam muito. E ele sabia. Cinco dias antes de morrer, disse ao advogado que temia ser silenciado numa queima de arquivo. Ontem a defesa do senador Flávio negou as ligações de sua família com o ex-caveira. O presidente mudou a rotina e cancelou a entrevista diária na porta do Alvorada.
A relação entre o clã Bolsonaro e Adriano da Nóbrega durou ao menos 17 anos. Ontem o presidente não quis comentar a morte do miliciano, a quem já chamou de “brilhante oficial”