Lágrimas de crocodilo: Ortiz Jr chorou no evento para comemorar sua “vitória” no TSE em 2016
.Corre na praça Dom Epaminondas que Mariah Perrotta, ex-Ortiz, será candidata a vereador pelo bolsonarista PL. Por outro lado, o ex-prefeito e ex-marido Ortiz Júnior será candidato à reeleição pelo Republicanos, controlado em São Paulo pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que prestigiou a adesão de Júnior ao seu partido. Mariah, dizem, promete importunar, fustigar e azucrinar sem dó seu ex na campanha. Segundo amigos comuns, ela não daria folga ao Júnior por conhecer os detalhes dos negócios que marcaram as gestões do pai de suas filhas.
Casamento de Júnior e Mariah, em outubro de 2007
Ledo engano. Mariah afirma que jamais terá esse tipo de comportamento. Afinal, Júnior Ortiz, com quem teve um relacionamento afetivo e respeitoso por 20 anos, é pai de suas filhas. E sua filiação ao PL foi o resultado de conversas mantidas com Márcia Silva, presidente do partido local. Antes, porém, ela viveu uma boa experiência com a vereadora Talita, do PSB, com quem participou de um movimento para recuperar as condições de mobilidade para os estudantes cadeirantes no campus Bom Conselho.
Infelizmente, as diferentes versões refletem a polarização política predominante. Por outro lado, são apenas um reflexo da crise doméstica que há um bom tempo contamina o clã dos Ortiz.
Não vou entrar no debate sobre costumes. Muito menos nos detalhes que prometem um bom tempero. São todos maiores de idade com capacidade pra lá de suficiente para administrar a crise em todos os sentidos. Mas é quase impossível entender a situação sem considerar o passado dessa família que governou a terra de Lobato por 5 mandatos ao longo de 22 anos, além dos outros 3 sendo que 2 foram administrados por controle remoto antes que seus prepostos fossem carimbados como Iscariotes pelos Ortiz. Judas Iscariotes, vale lembrar, foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, que, de acordo com os evangelhos canônicos, foi o traidor que entregou Jesus aos soldados romanos por trinta moedas e se enforcou, contaminado pelo desespero que tomou conta de seu estado de espírito depois da delação.
Ortiz Júnior é o mais velho dos três filhos homens de Bernardo Ortiz. Foi ungido como sucessor de seu pai, ex-professor da faculdade de Engenharia da Unitau. Conheci a casa (castelinho?) no sítio onde a família reside até hoje no caminho para Quiririm. Na época, os estandartes, imagens e paredes cobertas com tecido pesado formavam um ambiente quase medieval semelhante ao de um grupo que era e ainda é conhecido como Tradição, Família e Propriedade (TFP) criado por Plínio Correa de Oliveira. Os seguidores homens estão sempre bem barbeados com cabelos aparados, e trajam terno escuro e gravata; as mulheres, porém, não participam de suas reuniões porque ficam confinadas em casa por causa dos afazeres domésticos.
Nunca soube de qualquer relação da família Ortiz com a TFP. Talvez seja apenas uma coincidência. Quem sabe. Mas os estandartes e ambientes coincidentemente eram iguais aos exibidos na mansão da TFP na rua Maranhão na capital paulista.
O velho Ortiz, apesar do conservadorismo que cultiva(va), tinha preferências heterodoxas como a paixão por uma prima que era minha vizinha. Uma paixão nunca revelada e muito menos assumida. Ele se apresentava como um carioca discreto e rico cujo patrimônio foi e é também mantido em sigilo. Rodinhas de amigos que frequentavam as sinucas e botecos da Praça afirmam até hoje que ele possuía muitos imóveis na área nobre do Rio de Janeiro: Copacabana.
Foi através da prima cobiçada pelo velho Ortiz que conheci a casa do sítio no caminho de Quiririm onde íamos de bicicleta. Sempre uma aventura de moleque com as três irmãs, minhas vizinhas.
Mariah foi a escolhida por Ortiz Júnior no seu aquecimento para disputar a sucessão paterna, em outubro de 2007. Na primeira tentativa para se eleger prefeito em 2008, foi derrotado por Roberto Peixoto, que se reelegeu. Na terra de Lobato nunca se admitiu até hoje prefeito solteiro e muito menos uma mulher na direção do Executivo.
O clã Ortiz, que estava todo empregado pelo Iscariotes Peixoto no início de seu primeiro mandato, afastou-se. O velho Ortiz manteve-se fiel a Geraldo Alckmin que foi reeleito governador em 2010 e nomeou o ex-prefeito como presidente da bilionária Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e fez do filho Júnior um informal assessor plenipotenciário da instituição. Embora sem cargo formal, tudo passava pelas suas mãos. Principalmente as grandes licitações, que se transformaram em alvos do Ministério Público estadual. Um exemplo: quando as urnas foram fechadas em outubro de 2012, o promotor eleitoral protocolou, cinco minutos depois, uma ação contra Ortiz Júnior recheada de provas e depoimentos que atingiam diretamente o candidato que seria eleito.
Posse de Bernardo Ortiz na FDE: com o secretário de Educação Herman Voorwald
A ação foi vitoriosa nas duas primeiras instâncias. No STJ, porém, o jogo ficou pesado e não prosperou. Resistiu por quase quatro anos na mesa do ministro responsável. Premido pelo tempo, em 2016 o magistrado limitou-se a um despacho para que pudesse ser apreciado pelo TSE, então presidido pelo ministro Gilmar Mendes do STF. Gilmar conseguiu rejulgar Ortiz Júnior. “Uma aberração jurídica”, denunciaria o ministro Herman Benjamin do Tribunal Superior Eleitoral em sessão transmitida pela TV Justiça. O presidente da Corte, que tradicionalmente só vota quando há empate, foi o primeiro a intervir e votar com defesa explícita do então prefeito Ortiz Júnior. “Absolvido”, foi reeleito. Um escândalo! Mas comemorado como “um milagre de Deus”, segundo palavras e lágrimas de Júnior em evento público convocado pelos tucanos para comemorar a decisão da Justiça.
Mariah resistiu heroicamente, apesar das intrigas a respeito da relação um tanto nebulosa do marido com jogador da equipe de vôlei patrocinada peça prefeitura. Mas, concluído o mandato do marido ela passou a assumir outras relações. Tudo indica que o casamento tenha se esgotado em dezembro de 2022, segundo a própria ex-primeira-dama.
Outras versões deverão surgir com o desenrolar da campanha eleitoral que terá início no segundo semestre. Por enquanto, falharam as tentativas para atrair Mariah para o campo da oposição e ressurgiram histórias e versões que pareciam enterradas.
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VERSÃO OFICIAL DE MARIAH PERROTA, EX-ORTIZ
“Recebi o convite da vereadora Thalita para me filiar ao partido PSB e ser pré candidata a vereadora. Tivemos um contato próximo no último ano na Unitau, onde fizemos uma força tarefa e reivindicamos uma benfeitoria no campus do Bom Conselho. Organizamos passeatas e manifestações com os alunos da psicologia e da medicina, para conseguir que um elevador que estava quebrado há anos, impedindo alunos que possuíam alguma dificuldade de locomoção a estudarem na instituição e passarem por certo constrangimento. Nossa junção naquele momento teve êxito, e conseguimos o tão sonhado elevador para os alunos do Campus. Dito isso, achei que poderia fazer sentido me filiar a esse partido da vereadora, porém, não pensava em ser pré candidata a vereadora, apenas atuar com projetos sociais como sempre atuei. Logo mais, recebi o convite da pré candidata a prefeita Marcia do partido PL para uma possível filiação, e um convite a pré candidatura a vereadora novamente, partido que fazia mais sentido para minha ideologia política, de lá pra cá, recebi inúmeras ligações e mensagens de apoio a uma pré candidatura a vereadora. Eu jamais havia pensado nessa possibilidade, sempre estive nos bastidores da política, de forma mais discreta, mas também nunca deixei de ser atuante. Acho de fundamental importância participar de política pública. Essas diversas ligações e mensagens me fizeram pensar sobre a possibilidade sim de uma pré candidatura.”
Waldemar Costa Neto, o capo do PL, prestigiou a filiação de Mariah na quinta 4 de abril