por Paulo de Tarso Venceslau, diretor de redação do CONTATO

 A derrota do clã José Sarney no estado do Maranhão pôs fim a 59 anos de carreira política de seu patriarca. Fato que não tem paralelo em 125 anos de história da República.

Ele operou sob 13 presidentes da República e 4 constituições, assistiu e apoiou dois golpes de Estado, testemunhou dois fechamentos do Congresso e viu subirem ao posto 11 presidentes americanos e 30 presidentes e duas juntas militares na vizinha Argentina, além de sete papas no comando da Igreja Católica.
José Sarney é o maior símbolo da oligarquia política no Brasil. Mas não é o único. Jader Barbalho, no Pará, Paulo Maluf, em São Paulo, o mineiro Aureliano Chaves e outras figuras de proa como o ex-governador de Pernambuco Marco Maciel e o ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, entre outros, vicejaram por muitas décadas. Antes, durante e depois da ditadura que eles apoiaram e depois se colocaram cinicamente como críticos.
A morte de Tancredo sem tomar posse, a 21 de abril de 1985, levou José Sarney em caráter definitivo à Presidência da República, que assumira interinamente a 15 de março. Naquele momento, seguindo a orientação da cúpula que dirigia a ditadura civil militar, ele havia migrado da ARENA para o MDB, criado com políticos da ARENA.

Oligarquias
na terra de Lobato
Oligarquia tem por característica ser formada por pequeno grupo que controla as políticas sociais e econômicas em benefício de interesses próprios. A família Sarney que o diga.
A vitória do comunista Flávio Dino, no Maranhão, a disputa acirrada com o filho de Jader Barbalho, no Pará, a derrota do neto e herdeiro político de ACM, na Bahia, e, porque não, a derrota da família Neves, em Minas Gerais e da oligarquia sindical em quase todo o Brasil, são sinais alvissareiros emitidos pela eleição desse ano. Taubaté, como amostra representativa da política nacional, não poderia passar ilesa. Muito pelo contrário.
O voto democrático aponta também para novos rumos políticos na terra de Lobato ao por fim a diferentes oligarquias. O da família Ortiz é o mais visível. A pífia votação do pretenso herdeiro Diego, menos de 10 mil votos em Taubaté, derrubou dois símbolos com um único tiro: o carisma de Bernardo Ortiz, o pai, e a liderança promissora do prefeito Ortiz Júnior. Nenhum dos dois conseguiu transferir sequer uma parte residual de seus cacifes eleitorais que ostentavam. Já se comenta que a herdeira desse patrimônio poderá ser Odila Sanches, companheira de Bernardo e secretária de Finanças da Prefeitura, mas sem qualquer laço de parentesco que a impeça de se candidatar caso ocorra a cassação do prefeito pela Justiça.
Os rarefeitos votos (5.062) obtidos pelo ex-prefeito Roberto Peixoto parecem gritar para quem quiser ouvir: “Peixoto nunca mais!” O vereador Carlos Peixoto, seu sobrinho, é mais conhecido como Carlão. Porque será?
Ary Kara, que já foi conhecido como governador do Vale e uma das mais importantes lideranças políticas da região, obteve apenas 4.543 votos na terra de Lobato. O sinal já havia sido emitido em 2012 quando não conseguiu reeleger seu filho para a Câmara Municipal.
Em compensação, Padre Afonso Lobato se consolida como uma liderança regional apesar de todos os ataques sofridos em 2012 pelos derrotados de hoje e pela brisa refrescante trazida pelo desempenho das vereadoras Graça (PSB) e Pollyana (PPS). As duas têm chances de assumir suas respectivas cadeiras parlamentares. E, além de fortalecidas politicamente, são promessas animadoras para a disputa da Prefeitura em 2016 com duas mulheres, por enquanto, no páreo.