Briga dentro do ninho do PSDB faz o presidente estadual da sigla (foto) perder a linha e comportar-se como um garoto malcriado, tal qual o cassado candidato a prefeito do seu partido.
Por Paulo de Tarso Venceslau
Da luta interna dentro do ninho tucano vão voar, além de penas, militantes que ficarão insatisfeitos com qualquer uma das soluções propostas para resolver o impasse diante da inevitável escolha do nome do substituto de Ortiz Júnior na disputa pelo comando do Palácio do Bom Conselho e a data em que se dará essa troca.
As regras estabelecem que a data limite da substituição é 12 de setembro, 20 dias antes do pleito de 2 de outubro. As chances de Ortiz Júnior disputar as eleições como candidato giram em torno de zero.
A encenação montada no lançamento de sua campanha no Clube Abaeté na quarta-feira, 17, não passou de uma cortina de fumaça sobre sua realidade jurídica.
Na terça-feira, 23, o promotor de justiça eleitoral Walter Rangel de França Filho protocolou junto à Justiça Eleitoral a “impugnação e consequente indeferimento de pedido de registro da candidatura em razão da inelegibilidade verificada nos autos” do processo.
A fracassada tentativa de atrair o deputado Padre Afonso (PV) para desempenhar o papel de eventual substituto de Ortiz Júnior sem lhe oferecer qualquer garantia palpável além da própria palavra colocou o PSDB em cheque.
Governador Geraldo Alckmin cansou de enviar recados para que o partido lance um candidato próprio na terra de Lobato. Padre Afonso seria uma saída apenas palatável, muito distante da ideal.
Ortiz Jr birrento
Quem conhece um pouquinho a política local sabe que a família Ortiz nunca permitiu o surgimento e crescimento de algum nome que pudesse lhe fazer alguma sombra (no PT, Lula teve a mesma postura). O maior exemplo é a sequência de nomes que sucederam o patriarca, com destaque para Salvador Khuriyeh e Antônio Mario, além do nefasto Roberto Peixoto.
Durante os dois últimos governos municipais, vereador Digão destacou-se como tucano de carteirinha. Sensato e equilibrado, porém firme e seguro, Digão conseguiu reunir, no ano passado, em torno da mesa diretora da Câmara, vereadores de diferentes tendências. E aos poucos chamou a atenção de muitos sobre sua capacidade de ouvir, dialogar e decidir.
Um Legislativo eficiente contribui para o bom andamento do Executivo e ajuda a administração municipal. Digão está no caminho certo e, portanto, seria um nome capaz de aglutinar a militância e os simpatizantes do PSDB como candidato a prefeito.
Porém, havia um pequeno enorme detalhe no meio do caminho: Ortiz Júnior, enquanto prefeito, não engole e nunca engoliu a altivez e a independência do vereador correligionário. O DNA paterno falou e fala mais alto. Digão nunca será indicado pelo clã Ortiz. E não há reza brava capaz de vencer a resistência familiar.
Diante desse clima, a direção estadual e o próprio governador entraram em cena. Mas Ortiz Júnior não admite qualquer interferência. E faz questão de ignorar o estrago que ele e o pai fizeram quando comandaram a FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Geraldo Alckmin que o diga.
Contágio
Pedro Tobias, nascido no Líbano, preside pela segunda vez o PSDB no Estado de São Paulo. Formou-se em Medicina na França e concluiu seu mestrado na Unesp. Cumpriu dois mandatos de vereador em Bauru, cidade onde reside desde 1979. Foi um dos fundadores da Organização Médicos sem Fronteiras. Em 1998, foi eleito deputado estadual pela primeira vez.
O libanês quando fala parece um caipira do interior. Mas as aparências enganam.
Militante político experiente, Tobias parece que foi contagiado pelos Ortiz. Ao ser consultado por telefone por este escriba, respondeu com frases feitas: “ainda cabe recurso, tem muito tempo, amos aguardar”.
Tobias não sabia que seu interlocutor tem conhecimento da exigência do PSDB paulista em cima de Ortiz Júnior para abandonar a disputa até a próxima terça-feira, 30 de agosto.
Quando este escriba tentou alertá-lo sobre as últimas decisões da Justiça a respeito da situação jurídica do prefeito cassado, Tobias revelou que o DNA dos Ortiz pode ter contagiado as hostes tucanas. E aos berros Tobias investiu: “Você me pergunta, mas não me ouve”, e bateu o telefone. Fiquei com a sensação de ter falado com um jihadista do EI (Estado Islâmico) que não admite nada que contrarie sua fé.
Ponto para Taubaté, como diria o Barão.