Eis que o gênio Breno Ruiz desabrochou em Cantilenas Brasileiras (independente), seu primeiro CD. Mesmo antes de o chamado grande público ter acesso a seu trabalho, suas músicas já encantavam alguns músicos no Rio e em São Paulo, gente que já percebera a mestria do moço.

Como se vê, ao longo de seus 33 anos, Breno Ruiz (nascido em Sorocaba, mas amadurecido em Itapetininga) já vinha surpreendendo os felizardos que tinham acesso a suas harmonias surpreendentes e a suas melodias imprevisíveis.

De minha parte, desde a primeira vez que o ouvi vieram-me duas certezas, uma prazerosa: esse cara é o Guinga do século 21; outra, desagradável: será que Breno padecerá da síndrome que o condenará a ser um gênio reconhecido apenas pelos aficionados e por alguns poucos fãs, digamos, “comuns”? Estará ele predestinado a ser um músico para sempre elogiado, mas eternamente desconhecido do grande público? E aí me veio o nome de outro compositor genial, Celso Viáfora. Também ele um gênio a quem não é dada a ventura de ser um compositor popular, reconhecido como tal pelos brasileiros.

 

Capa CD Breno Ruiz

 

Torço muito para que Breno Ruiz espalhe seu talento a multidões, dando-lhes a chance de perceber o quão grande ele é; permitindo que muitos possam somar sua admiração à dos que hoje já têm o prazer de conhecê-lo.

Os caminhos de Breno se abriram ainda mais quando Paulo César Pinheiro, sempre ele, vislumbrou no rapaz alguém com tal capacidade criativa que faria jus a seus versos. Assim, em Cantilenas Brasileiras todas as doze faixas são parcerias do poeta generoso com o compositor singular.

Mesmo sem ter conhecimento de gêneros musicais do passado, como lundus, choros e modinhas, Breno despeja o seu talento em composições como aquelas, gênesis da música popular. Impressiona o fato de ele compor músicas tão ancestrais de forma tão perfeita, tão bela.

Mas é ouvindo as músicas do CD que se percebe a versatilidade criadora de Breno. À riqueza delas, acrescente-se a participação de um pequeno grupo de instrumentistas: Neymar Dias (contrabaixo acústico, naipe de cordas e viola), Igor Pimenta (contrabaixo acústico), Pedro Alterio (violões) e Gabriel Alterio (bateria e percussões). Além disso, temos as participações especiais de Renato Braz e Mônica Salmaso. Todos eles, compositores, intérpretes e instrumentistas, amantes da obra de Breno.

 

 

A comentar cada uma das músicas do CD, leitora e leitor, prefiro exortá-los a ouvi-las, dando-lhes a chance de por si só constatarem a genialidade de Breno. Mas por favor, sugiro que o escutem com especial atenção, pois – e isso logo restará claro – vocês estarão diante de uma obra-prima.

E olha que Breno está só começando! Quantas belezas ele ainda criará? Quantos gêneros, antigos e/ou modernos, ainda virão? Meu Deus do céu!

Eis Breno Ruiz, um tremendo compositor e pianista, pronto para fazer história na música brasileira. Para isso é necessário que muito mais e mais gente tenha acesso à sua música. A ele, pois!

 

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4