Por Paulo de Tarso Venceslau
Campanha eleitoral costuma ter de tudo: de mentira a promessa, relacionar como realizadas obras que nunca saíram do papel, assinar como suas obras do governo do estadual ou federal e por aí vai.
Durante uma campanha eleitoral, então, deixa de existir limites. O saudoso jornalista e político Sebastião Nery escreveu um livro com 1950 casos, ou melhor, “causos”. Um de seus protagonistas preferido é o político mineiro José Maria Alkimin que foi ministro da fazenda do presidente Juscelino Kubistchek e vice-presidente da república no primeiro governo militar.
Ele conta que um dia Alkimin encontra o filho de um eleitor.
– Como vai seu pai, meu filho?
– Meu pai já morreu há muito tempo, dr Alkimin.
– Morreu para você, filho ingrato. Porque ele continua vivo em meu coração.
Na terra de Lobato, porém, o folclore político parece estar perdendo espaço para o que tudo indica ser crime político.
Crime ou folclore?
Na terça-feira, 27, por volta das 11h, o perfil de Beto Ortiz Facebook exibiu uma mensagem, ou melhor, uma foto montagem. Para quem não sabe, Beto é irmão do candidato Ortiz Júnior (PSDB).
A foto montagem trazia como base a página oficial da Justiça Eleitoral exibida no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do TRE/SP (Tribunal Regional Eleitoral). As informações ali contidas são da maior importância para quem procura saber quem são os candidatos a prefeito, a vice e a vereador.
Pouco depois das 11h, esse escriba recebe um WhatsApp de um amigo com uma reprodução da página do site da Justiça Eleitoral com informações sobre seu candidato Ortiz Júnior. Como havia conversado havia pouco com ele e reafirmado sobre a inelegibilidade do prefeito cassado, ele me enviou como prova de que eu estaria enganado.
Porém, não mais que um porém, eis que um rápido passar de olhos pude comprovar um pequeno enorme detalhe: a imagem da Justiça Eleitoral havia sido alterada. Isso mesmo, rasurada.
As imagens aqui exibidas valem mais que qualquer discurso. Não sei quem é o responsável. Cabe à polícia e à justiça investigar. Ou seria apenas mais um folclore político regional?
Folclore ou crime não pode ser confundido com Justiça Eleitoral. A brilhante iniciativa de disponibilizar informações confiáveis não pode ser maculada por irresponsáveis que temem a decisão que está prestes a sair dos colendos tribunais Regional e Federal.
Ou haveria alguma outra razão para manter que o candidato Ortiz Júnior encontra-se APTO para disputar a eleição e apagar a informação que a situação de sua candidatura encontra-as INDEFERIDA COM RECURSO.
E mais, o mesmo site informa o significado de indeferido com recurso – “Candidato julgado não regular por não atender as condições necessárias para o deferimento do registro, que interpôs recurso contra essa decisão e aguarda julgamento por instância superior”.
Como explicar a mensagem de Beto Ortiz informando: “Apto a ser votado. Seu voto vale”.
Com a palavra a Justiça Eleitoral!