Mais uma vez sou obrigado a recorrer ao escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa diante convergência de opiniões de um conservador e a de um antitucano

por Paulo de Tarso Venceslau

 

Costumeiramente, a centenária Associação Comercial e Industrial de Taubate – ACIT promoveu na terça-feira, 02 um café da manhã antes de iniciar um debate sobre um tema relevante para a comunidade taubateana. Dessa vez era sobre os impactos da eleição na economia de Taubaté.

Sandra Teixeira, residente da ACIT, recepciona os convidados

Sandra Teixeira, presidente da ACIT, recepciona os convidados

Prestigiado por empresários e intelectuais da cidade e da região, a ideia era abordar e discutir as competências de cada cargo eleitoral, a importância do voto consciente e do papel de cidadão. O pano de fundo, a conjuntura após a morte do presidenciável Eduardo Campos e sua substituição por Marina, foi enriquecido com as palestras dos professores da Unitau: o cientista político José Maurício Rego e a do consultor de empresas e pró-reitor Arcione Ferreira Viagi.

Maurício Cardoso  afirmou que nunca votou no PSDB e Arcione Viagi definiu-se como liberal e conservador

Maurício Cardoso afirmou que nunca votou no PSDB e Arcione Viagi definiu-se como liberal e conservador

Embora partissem de premissas bastantes distintas, os dois palestrantes convergiam quando analisavam o significado da mudança de Campos por Marina e a possibilidade de sua vitória. “A mudança no rumo eleitoral provocou incertezas. O empresário vai reduzir os investimentos e o consumidor vai reduzir o consumo”, pontificou Viagi.

Maurício não deixou por menos. Depois de afirmar que se vive um estabilidade política desde 1994 graças a ação de dois partidos (não explicitou, mas deixou claro que se tratava do PSDB e do PT) concluiu que “corremos o risco de sair do discurso racional e cair na irracionalidade de quem despreza a política (referindo-se a Marina). A sociedade que vota pela emoção corre o risco de [viver] um retrocesso”.

Naquele momento, na minha opinião, as duas opiniões reforçavam minha convicção externada no Face e no site do CONTATO na sexta-feira, 29: “Eles só pensam nisso! Não se trata de nada erótico. Pelo contrário, é muito broxante. Trata-se da palavra da moda que passou a ser muito usada por tucanos e petistas (quem diria?): desconstrução. No caso específico, de Marina Silva”.

Arcione confessou que é conservador e liberal, enquanto que Maurício declarou que nunca havia votado em tucano. Para mim, esse quadro comprovou que “eles só pensam nisso”: descontruir a presidenciável Marina Silva que ameaça acabar com a mesmice petralha e a esperteza tucana.

Em minha opinião, o cidadão normal está cansado desses 20 anos – 8 de FHC, 8 de Lula e 4 de Dilma. As pesquisas revelam o cansaço – saco cheio é uma expressão chula, porém mais consistente – com discursos e promessas de quem só corre em esteiras ou bicicletas ergométricas, sem sair do lugar. Ou, para ser mais explícito, só saem do lugar para melhorar seu posicionamento na máquina estatal que fornece o feno, o leite e a poupança desse pessoal construída à base de recursos públicos ou propinas dos grandes fornecedores de obras e serviços para o Estado.

Flagrante do plenário pouco antes do início do debate

Flagrante do plenário pouco antes do início do debate

Nunca antes na história desse País foi tão atual a máxima de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (Palermo, 23 de dezembro 1896 — Roma, 23 de Julho 1957) em seu célebre romance O Leopardo, na boca do príncipe Falconeiri: “A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.

O debate na ACIT, na minha opinião, apenas comprovou mais uma vez que PT e PSDB são os dois lados de uma mesma moeda.