Nem Salvador Dali, importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista, seria capaz de criar um espetáculo como o de quarta-feira, 17, no Clube Abaeté, com direito  a bateria de escola de samba com a faixa de uma candidata conhecida pelo nome da emissora de rádio em que trabalha. Reportagem por Paulo de Tarso Venceslau e Nathália de Oliveira

Marcada para ter início às 18h30, a festa começou com mais de uma hora de atraso, quando adentrou ao recinto Ortiz, prefeito cassado e inelegível por decisão de maioria do TSE. Ao lado da esposa Mariah e do vice Edson de Oliveira, Ortiz Júnior fez questão de cumprimentar o maior número de pessoas possível.

 

Mariah, esposa de Ortiz Jr

Mariah, esposa de Ortiz Jr

 

No meio do salão, profissionais de uma produtora registravam todos movimentos e detalhes do “candidato” junto a cerca de 300 pessoas que o aplaudiam. Uma cena que tentava imitar a empolgação e o glamour que envolvem as campanhas políticas norte-americanas.

 

Cerca de 300 pessoas foram ao evento

Cerca de 300 pessoas foram ao evento

 

No palco, Chacrinha, como é conhecido Edson Quirino dos Santo Júnior, fiel escudeiro de Ortiz Júnior, comandava o espetáculo protagonizado por 11 vereadores, pelo pai Bernardo, pela esposa Mariah e o dirigente tucano Tchesco – Francisco Vieira -, coordenador regional do PSDB.

 

Desabafo e pavimentação

Depois de muitos discursos, inclusive da esposa, Ortiz Júnior assumiu o comando.  Agradeceu a presença do seu primeiro escalão enquanto prefeito, do médico Rubens Freire, que abandonou a disputa para apoiá-lo e entrar na lista de nomes dos prováveis sucessores do prefeito cassado na disputa eleitoral. Júnior até derramou algumas lágrimas dando mais emoção ao espetáculo, que culminou com elogios ao pai que o teria elogiado não como filho, mas como administrador público.

 

Bernardo Ortiz teria elogiado Júnior não como filho, mas como administrador público

Bernardo Ortiz teria elogiado Júnior não como filho, mas como administrador público

 

Em seguida passou para o ataque. Para Ortiz Jr, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cometeu uma injustiça que teria começado com representações do PT junto ao MP eleitoral. Elencou tribunais e sentenças que o inocentaram. Portanto, “a condenação seria absurda por ser antagônica em relação a posição de outras cortes. Uma decisão injusta. Vou resistir. Não vou desistir de Taubaté”.

No breve balanço que fez, destacou a redução da violência nos bairros da Água Quente e Esplanada Santa Terezinha.

E não poupou críticas ao relator ministro  Herman Benjamin do TSE.  Ridicularizou o cheque de R$ 30 mil (na verdade é de R$ 34 mil) que teria influenciado o resultado das eleições de 2012.

E como candidato, elencou promessas como a retomada do Hospital para Taubaté em 2017/18, a necessidade da expansão da malha viária e muitas outras promessas. Seu próximo governo não será continuidade como destacou o vice Edson, porque se fosse apenas continuidade ele não se candidataria.  “Será um novo governo”.

 

Júnior até derramou algumas lágrimas

Júnior emocionado não conseguiu esconder as lágrimas

 

Ressaltou ainda que o resultado do seu governo não pode ser creditado a uma pessoa, mas ao grupo. “As conquistas não são minhas. São do nosso grupo. Dos 15 secretários, 10 são funcionários de carreira”.

Em seguida, criticou o loteamento de cargos entre partidos – não citou, mas deixou implícito que se referia à vereadora Pollyana (PPS), sua mais forte concorrente apoiada pelo deputado Padre Afonso do (PV).

E concluiu pavimentando os caminhos para sua substituição, caso não obtenha sucesso na Justiça. “Se houver mudança, eu vou estar junto”.

 

 

Andréia Gonçalves, que já fez parte da família real do deputado estadual Pe. Afonso

Andréia Gonçalves (SD), que já fez parte da família real do deputado estadual Pe. Afonso

 

Fortalece o nome do vice Edson

A lista de nomes de eventuais substitutos acordada entre o prefeito e 11 parlamentares começa com o da vereadora Graça, esposa do vice Edson de Oliveira, ambos do PSD de Gilberto Kassab. Em seguida, aparecem Rubens Freire (PSD), Alexandre Villela (PTB) e João Vidal do (PSB)

O nome do vice ganha força diante da constatação de que mesmo que sua cassação seja mantida ele não estaria inelegível. Essa conclusão tem como base o acórdão do Recurso Eleitoral  Nº 587-38.2012.6.26.0141 de 04 dezembro de 2014 do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, onde se lê no item 06: “…Embora o mandato do vice seja atrelado ao do prefeito, incabível a extensão da inelegibilidade, dado o caráter pessoal desta sanção que, imposta a um dos candidatos, não se alastra, obrigatória e automaticamente, ao outro componente da chapa majoritária, conforme preceituam o art. 18 da LC nº 64/90 e os precedentes do TSE”.

Porém, o nome de Edson não é consenso entre os apoiadores de Ortiz Júnior. E se essa opção se comprovar, será muito difícil manter unido o tal grupo que acompanhou o prefeito afastado até recentemente. Entre os próprios vereadores, muitos já não escondem que poderão migrar para a campanha de Pollyana.

Não há como esconder que dificilmente a defesa de Ortiz Jr conseguirá sensibilizar a Justiça Eleitoral. Por exemplo, um pedido de liminar para formalizar o registro da candidatura de Júnior será julgado pelo ministro relator Herman Benjamin.

Façam suas apostas!!