Problemas com grana? A vida tá chata? Pois saiba que os seus problemas acabaram… Basta ouvir o novo CD de Francis Hime: “Hoje” (Biscoito Fino). Álbum de inéditas feito para comemorar os 80 anos de Francis (um menino!) e seus 50 anos de música.
Olivia fez a produção executiva, o violonista Paulo Aragão cuidou da gravação e da mixagem. E Francis a tudo dirigiu, fez arranjos, tocou piano e cantou com alguns de seus convidados. O resultado é um soluço de lágrimas, de euforia e harmonia, envoltas num companheirismo virtuoso.
“Você”, o álbum, é tocante, comovedor. E feliz está Hime ao abri-lo cantando “Desdenhosa” (dele e Hermínio Bello de Carvalho). Absolutamente geniais, melodia, harmonia e versos têm a profundez de um bom choro.
“Sofrência” (Francis e Thiago Amud) tem intro citando “Consolação” e “Lamento do Morro”, dois belos sambas antigos de Tom e Vinícius.
Chico Buarque canta “Laura” (Francis e Olivia Hime), dando ainda mais maciez aos versos carinhosos de Olivia, feitos em amor à neta.
Olivia e Francis Hime, unidos pela música
“Samba Dolente” (Francis e Olivia Hime) é amor. A harmonia e a melodia de Francis continuam requintadas. Os versos de Olivia ajuntam imagens que de tanto amar se unem. Meu Deus!
Lenine se dá por inteiro a “O Tempo e a Vida” (FH e Tiago Torres da Silva) –pois lá estão a força e a beleza do seu cantar. Com muitas notas mudando a cada sílaba, a melodia não é fácil de ser cantada. O resultado é inspirador.
De FH e Ana Terra, “Mais Sagrado” tem intro afetiva. Francis canta feito gente grande… como gente que honra a qualidade que tem e a estimula.
“Soneto de Ausência” (FH e Paulinho Pinheiro) inicia só com o violão. Logo Francis canta a letra. Feito gêmeos, voz e instrumento se abraçam… não querem deixar de se tocar.
Em “Flores Pra Ficar” (Adriana Calcanhoto e FH), os parceiros dividem o canto e multiplicam a textura dos versos, como nos do final: “(…) Existirá primavera mais vera/ Que aquela onde a gente está/ Pelas ruas até o sol se deitar/ E o medo não lhes faz companhia”. Belo!
“Samba Funk” (FH e Geraldo Carneiro) tem intro dos metais. A letra é tiro e queda. O intermezzo do trompete é papo reto, enquanto Francis se esbalda no samba sincopado.
Francis e Olivia, como sempre, e para sempre, grudados ao sabor das voltas do mundo, cantam juntos a sua bela canção “Menino do Mar”. Emocionante.
“Pieta” (FH e Silvana Gontijo) tem Olivia com voz madura e empoderada. Violino e piano tocam a intro. O piano segue. Violão e cello dão ares de solene atmosfera ao arranjo que liga “Pieta” a “Jogo da Vida”, outra parceria de FH e Gontijo, cujos versos revelam: “(…) Mesmo a morte não impedirá/ Mesmo a morte/ Só a morte me permitirá/ Afinal te encontrar (…)”.
Para fechar a tampa, Olivia se ajunta a Sérgio Santos e a euforia toma conta do pedaço. Com vocalises energizados de Sergio Santos, e num affretando porreta, o arranjo é casca grossa….
É quando Hoje, o álbum, deixa ser apenas um momento para ser um dia na eternidade da música.
Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4