Qualidade do material utilizado na construção da tubulação pode ter sido a causa; trânsito na área ficou interrompido durante as obras (por Nathália Oliveira)
Na semana passada o trânsito na região do túnel do Jardim das Nações, atrás do Estádio Joaquim de Moraes Filho, foi conturbado. Diversas ruas que dão acesso da Avenida John Kennedy à Avenida Marrocos estavam fechadas e interditadas. Isso tudo devido obras da Prefeitura e da MRS, Logística, concessionária do serviço ferroviário, para recalque do terreno aterrado para a linha do trem. O grande buraco interrompeu o movimento de trens por cinco dias. Ele se originou a partir do rompimento de uma galeria da Prefeitura para águas pluviais localizada na Avenida Argentina.
De acordo com a MRS, foram necessárias obras de grande porte para realizar a correção da erosão. Além de diversas ruas interditadas, a curiosidade dos transeuntes também congestionou o lugar. O tamanho do buraco chamava a atenção. Motoristas e pedestres paravam para observar a qualidade e a rapidez do serviço de engenharia que estava sendo realizado.
O trânsito ficou muito prejudicado em todo o entorno, com reflexos nas grande artérias como as avenidas Charles Schneider, John Kennedy, Tiradentes e as ruas radiais à praça do relógio da CTI.
Responsabilidades
A galeria que se rompeu foi construída pela Prefeitura. Portanto, a maior responsável é a administração municipal. Nada justifica a falta de fiscalização necessária para prevenir acidentes como esse. Com certeza, o vazamento de água vinha acontecendo a algum tempo. Por outro lado, uma equipe da MRS encontrava-se há semanas a poucos médios do local do acidente e não conseguiu observar ou avaliar as consequências do vazamento de água.
Consultada por nossa reportagem, a MRS queria saber a razão do interesse da repórter. E impuseram que só informariam se recebessem a solicitação por e-mail. Assim que chegar a resposta a reproduziremos nesse espaço.
Na única nota publica, a MRS apenas informou que foi firmada uma parceria entre a empresa e o Executivo para que as obras ocorressem em um ritmo maior para que o trânsito de trens e veículos retomasse a normalidade o mais rápido possível. A prefeitura também de forma lacônica informou assumiu a responsabilidade pela recomposição dos tubos enquanto que a MRS faria a recomposição do talude e do aterro.
Versão
A galeria tem cerca de 4m de diâmetro, faz parte do sistema público de drenagem pluvial e passa sob a linha ferroviária. O rompimento teria acontecido na madrugada de segunda-feira, 23, por volta das 4h da manhã.
O arquiteto urbanista Flávio Mourão afirma que em situações como esta é importante considerar a resistência do material da tubulação. “Essa tubulação tem que ter uma estrutura de concreto que seja bem resistente ao impacto causado pela movimentação dos trens”, explica. “Na época em que Bernardo Ortiz [foi prefeito] é conhecido [o fato de] que ele utilizava materiais de baixa qualidade nas tubulações. Então, tem que ver quando que isso [a galeria] foi construída e quais materiais utilizados”, ressalta Mourão.
O profissional também lembra que há um córrego naquela região, atrás do supermercado Carrefour, e destaca que isso deveria ser pensado na hora da construção da galeria, porque também pode causar impacto na estrutura.
CONTATO questionou a Prefeitura a respeito do material utilizado nas tubulações e sobre o estudo para a construção da galeria, porém, até a publicação desta matéria não houve resposta.
A circulação de trens pela ferrovia foi restabelecida no final de semana, assim como o tráfego de veículos pelo local.