Doutor Gastão Aldano Voz Lobo da Câmara Leal foi o primeiro prefeito da cidade entre 1908 e 1915 e foi também escolhido o primeiro presidente do Esporte Clube Taubaté, em 1914
Taubaté é uma cidade conservadora. Tem muita história e personagens originais. Até grande parte do ouro que era levado para Portugal passava por aqui. O monopólio religioso deixou de sê-lo. Hoje, católicos e evangélicos pentecostais disputam a hegemonia da fé. Terreiros de origem africana e espíritas kardecista ou não ainda ocupam um bom naco. A cada dia que passa, a televisão perde mais espaço para as redes sociais que dominam a internet. Mas a cidade continua conservadora.
O domínio dos Ortiz reflete essa situação. Começou com uma aparente alternativa ao conservadorismo tradicional onde predominavam os Guisard, Mattos e agregados. José Bernardo Ortiz Monteiro, quem diria, representava essa novidade. Até seu partido, o MDB, parecia indicar novidades.
Ledo engano. Não passava, e ainda não passou, de um mal disfarçado membro da Tradição, Família e Liberdade que buscava e nunca encontrou um traço de nobreza para justificar sua origem. A única semelhança que resiste até hoje e ameaça retornar é a longevidade política. Foram 22 anos à frente do Executivo, além dos outros 12 anos mal distribuídos entre “herdeiros traidores”, ou Iscariotes, como o patriarca os chamava.
Faltam cerca de seis meses para a realização do primeiro turno das eleições municipais. O fracasso do atual prefeito é visível. “Ele conseguiu a unanimidade. 100 % dos meus fregueses o rejeitam”, conta um amigo dono de pequeno comércio. E insiste em reafirmar: “Isso nunca aconteceu!”. Não se trata de pesquisa acadêmica formal, mas não deixa de ser uma pista reveladora.
José Antônio Saud, atual prefeito de Taubaté
Encontrei o prefeito em frente ao Teatro Metrópole onde a primorosa e primeiro mundista Big Band do Sertão, de São Luiz do Paraitinga, se apresentaria. Taubaté, ex-capital do Vale, nunca conseguiu formar uma banda parecida, apesar dos artistas locais que conquistaram corações e mentes de muita gente por esse Brasil afora. Embora fosse um espetáculo gratuito por ocasião da 72ª Semana Monteiro Lobato, o público presente ocupou no máximo metade dos assentos. Longe de qualquer realidade, o prefeito começa a elogiar sua gestão, saca o celular para ler uma lista com mais de 100 itens que comprovariam seu desempenho não compreendido pela população beneficiada. Dureza!!
Pediu minha opinião. Cobrou no dia seguinte. Alertei-o que não faria uma análise acadêmica e escrevi: “1) O mais marcante é que sua gestão não tem marca. Não há registro de qualquer obra ou serviço que poderia ir pra História. Faltou foco. Eu prefiro chamar de uma gestão que não passou do arroz com feijão. Faltou mistura e tempero. 2) Obrigações básicas de qualquer governo são tratadas como virtudes. É o caso da honestidade, gestão adequada, iniciativas esparsas para corrigir falhas etc. 3) Até as obrigações contratuais da concessionária da via Dutra são tratadas como “obras” da PMT. Em nossa conversa, você disse que preferia olhar para frente e não pelo retrovisor. Como não criticar o serviço porco do viaduto do Barreiro (não sei o nome) que era uma obrigação contratual da concessionária, mas que foi realizado com recursos próprios da PMT e serviu para fazer um fundo de campanha do ex? Estou indo longe demais. Vou convidá-lo para um café para terminar esse papo, porque tem mais coisa. Boa tarde”.
Apaguei cuidadosamente o que havia escrito sobre o item 04: “Proibição das carroças na área central e colocamos a Ecoterapia no Batalhão (5° BPMI)”
Carro particular do prefeito estacionado irregularmente em fr
ente ao Metrópole
Fico impressionado com um fenômeno comum às autoridades. No Brasil todo pelo menos. Todos ficam literalmente inebriados com seu desempenho e todos se sentem injustiçados pelas críticas que recebem.
No final de 2023 tive a paciência de ouvir atentamente uma entrevista do prefeito a uma rádio local. A cada pergunta aumentava minha curiosidade. Tive a sensação de ouvir um candidato às vésperas de uma eleição. Não havia o menor contato com a realidade marcada pela conclusão do terceiro ano de mandato. Todos os verbos eram conjugados no tempo futuro: plano diretor, mudança da sede da prefeitura, segurança, saúde e por aí vai. Não conheço essa cidade descrita pelo prefeito.
Em abril de 2024, a seis meses das eleições, perguntei ao prefeito qual seria a marca de sua gestão?. “Desenvolvimento econômico com foco no trabalho”, respondeu.
Ah. Entendi!!