Muitas são as lendas, histórias e fenômenos que se relatam nos nossos sertões. Muitas representam partes da nossa história, outras são relatos de situações que simplesmente tentam passar uma moral. Destacamos aqui a Lenda do Curupira e fenômenos Boi-tá-tá e Fogo Fátuo
Lenda do Curupira
Um mito antigo no Brasil, já citado por Anchieta, em 1560. Curupira. A lenda do Curupira nasceu com os índios tupi-guaranis (curu é abreviatura de curumim, menino; pira significa corpo) e passou para os sertanejos. Ser tipicamente da floresta, não aparecendo em áreas urbanas, o Curupira é um anão, cabelos compridos, ruivos, cuja característica principal são os pés virados para trás, ou seja, os calcanhares para frente. Este defeito lhe especialmente útil para uma de suas maldades prediletas: fazer pessoas perdidas na mata seguir-lhe as pegadas que, afinal, não leva a lugar nenhum. Para que isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas, esquece-se de sua arte e deixa de dar suas pistas falsas e chamados enganosos, imitando a voz humana, para desviar os que estão na floresta no rumo certo.Sendo mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Tem enormes Orelhas aqui; é totalmente calvo ali; dentes coloridos acolá; usa machado, é feito do casco de jabuti.
Fogo Fátuo e Gases do Pântano
Fogo fátuo que tem origem orgânica e gases do pântano de origem vegetal,
produzem fenômenos idênticos
Quando um corpo orgânico começa a entrar em putrefação, ocorre a emissão do gás metano (CH4). O metano, em condições especiais de pressão e temperatura, em local não ventilado, começa a sair do solo e se misturar com o oxigênio do ar. Em uma porcentagem de aproximadamente 28%, o metano se inflama espontaneamente, sem necessidade de uma faísca. Forma uma chama azulada, de curta duração, gerando um pequeno ruído. Se a pessoa estiver perto e sair correndo, devido ao deslocamento do ar a chama irá atrás.
Boi-tá-tá ou Fogo de Santelmo
Uma das lendas mais tradicionais do Rio Grande do Sul é a da Boi-ta-tá. Boi-tatá, cobra de fogo, chamava-se Boi-guassu, ou cobra grande. No dicionário temos: De santo + Elmo (Elmo por ermo), santo invocado pelos marinheiros do Mediterrâneo quando, por ocasião de uma tempestade, aparecia uma chama azulada nos mastros dos navios, produzida pela eletricidade. Um barco em alto mar é atritado pelo vento e seu casco pela água. Assim, elétrons vão sendo arrancados e o barco fica com carga estática positiva. Tendo em cima uma nuvem carregada, eletricamente falando, próxima ao barco, pelo efeito do poder das pontas, no alto do mastro vão se aglomerar uma grande quantidade de elétrons, formando uma espécie de ionização azulada, visível a olho nu durante a noite sem luar. O mesmo fenômeno ocorre no sertão entre duas montanhas próximas, dependendo da composição química delas. Quando a diferença de potencial elétrico entre as montanhas é muito intensa, forma-se uma bola de luz, que sai de uma montanha e vai se neutralizar com a outra. Muitos chamam isso de Mãe do Ouro, Caipora, Cabeça-de-Cuia ou Boi-tá-tá. Se esse fenômeno ocorre no alto de um campanário, sobre uma cruz, as pessoas vendo aquela “chama” azulada, acreditam que é a aparição da Virgem Maria.
Origem Provável
No Brasil é de origem Indígena. Padre Anchieta já dizia em sua carta: “Há também outros fantasmas nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados de Baetatá, que quer dizer, “Coisa de Fogo”, o que é o mesmo como se dissesse “o que é todo de fogo”. Não se vê outra coisa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os Curupiras: o que seja isso, ainda não se sabe com certeza.”
Os negros africanos também trouxeram o mito de uma entidade que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome (para eles) era Bia tatá. O Fogo-fátuo é tema universal no folclore e em todos os países existem narrativas que tentam lhe dar nomes, torná-lo uma entidade fantástica, viva.
Uma canção, no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas faz referências ao Boi-ta-tá. Eis tal canção:
Em noite escura
É fogo fátuo
Gênio protetor dos campos
E das águas
Cobra grande
Boiaçú
Boiúna, boiúna
Sucurijú
A fera que surge do nada
Corre no corpo o arrepio
O sangue nas veias fica frio
Um fogo que água não apaga
Um facho de luz ilumina a escuridão
Seus olhos de fogo incendeiam
Tapando os furos
Singrando os rios
A dona da noite
A boca da noite
A dona da noite
Vai chegar
Boitatá, boitatá
Fogo no ar, fogo no ar
Cobra de fogo
Boiaçú
Boiúna flutua
Boitatá, boitatá
Fogo no ar, fogo no ar
Cobra de fogo
Boiaçú
Boiúna flutua