Na Universidade (algumas pessoas) me rotulavam de cartesiano; talvez por eu gostar de matemática. Tal rótulo não era apropriado, pois nem Descarte conseguiu seguir estritamente o método cartesiano!
O cartesianismo
Cartesianismo é uma doutrina do pensador francês René Descartes e de seus seguidores, considerada um marco da autonomia de uma razão pura, científica e subjetivista em relação ao primado da autoridade tradicional e da crença religiosa.
Na Wikipédia encontramos os seguintes detalhes:
O cartesianismo foi um movimento intelectual suscitado pelo pensamento filosófico de René Descartes (Cartesius) durante os séculos XVII e XVIII. Descartes é comumente considerado como o primeiro pensador a enfatizar o uso da razão para desenvolver as ciências naturais. Para ele, a filosofia era um sistema de pensamento que encarna todo o conhecimento. Para os cartesianos, a mente está totalmente separada do corpo físico. A sensação e percepção da realidade são pensados como fontes de mentiras e ilusões, com as únicas verdades confiáveis para se ter na existência de uma mente centrada na metafísica. Tal mente pode eventualmente interagir com um corpo físico, contudo isso não existe no plano físico do corpo.
O termo “cartesianismo” é utilizado para designar coisas aparentadas, mas distintas, a saber:
1) A filosofia influenciada por Descartes, principalmente ao que se convencionou chamar de racionalismo dos séculos XVII e XVIII;
2) A característica fundamental da filosofia moderna – o foco na subjetividade;
3) A epistemologia fundacionalista que busca refutar o ceticismo hiperbólico (também chamado de ceticismo cartesiano);
4) O dualismo corpo-mente;
5) A epistemologia que separa a mente do mundo (uma das principais críticas da filosofia analítica à filosofia moderna).
Atualmente, a expressão “pessoa cartesiana” é usada para caracterizar uma pessoa inflexível, que pensa e age sempre da mesma forma.
Renatus Cartesius
René Descartes nasceu em Touraine, 31 de março de 1596 e faleceu em Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650. Touraine foi uma antiga província da França cuja capital era a cidade de Tours. Durante a reorganização política do território francês em 1790, a província de Touraine foi dividida entre os departamentos de Indre-et-Loire, Loir-et-Cher e Indre.
Durante a Idade Moderna, Descartes também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius. Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por ter concebido a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome.
Descartes afirmava que tudo era duvidoso, nada podendo ser considerado “a priori” como certo, a não ser uma coisa: “Se duvido, penso, se penso, existo”: “Cogito, ergo sum”, “Penso, logo existo”, ponto de partida da Dúvida Metódica, de onde se constrói todo o seu pensamento.
O Discurso do método
Em 1637, publica Discurso do método, obra inaugural da filosofia moderna, escrita em língua vulgar, isto é, o francês. Naquela época, as obras filosóficas eram escritas em latim e estavam voltadas para um público “douto”, constituído do círculo exclusivo de iniciados às questões propriamente filosóficas. Descartes tinha, porém, um outro propósito, o de alcançar um amplo público, ou seja, todas as pessoas dotadas de “bom senso” ou “razão”, de tal maneira que os assuntos humanos em geral estivessem ao alcance de cada um. Na verdade, antes de Kant, ele propugnava por um uso público da razão.
E esse uso público da razão não admitia discriminações ou limitações de gênero. As mulheres, até então, não eram consideradas seres racionais no sentido completo do termo. Elas não eram interlocutoras do ponto de vista filosófico, da razão.
Descartes tinha entre suas interlocutoras preferidas a princesa Elisabeth, da Alemanha, com a qual teve uma profícua correspondência filosófica. Ele a considerava um ser particularmente bem dotado racionalmente, superior a seus companheiros doutos, imersos que estavam, no seu entender, em preconceitos. Uma pessoa sem preconceitos era ideal para um pensador que começava filosoficamente com um “discurso do método”. O novo discurso vem acompanhado da afirmação da igualdade de gênero entre os sexos.
E como se tratava de um “discurso do método”, a sua preocupação central residia no como conhecemos, no como podemos ter acesso a ideias verdadeiras, que fossem imunes ao erro, quando perseguidas segundo um procedimento metódico, sistemático.
Ele se voltava contra todo pré-conhecimento, todo pré-conceito, pois a maneira mediante a qual pensamos nos induz frequentemente ao erro, à falsidade, à mera aceitação do senso comum, daquelas ideias que foram sedimentadas no nosso modo habitual de pensar.
Descartes propugnava por um pensamento jovem, aberto à crítica e aos questionamentos, capaz de exercer uma dúvida cética e de resistir à mesma dúvida graças a uma razão aberta ao questionamento de seus próprios princípios. Ele lutava, portanto, por um mundo onde a fé não ordenasse as relações humanas, mas ficasse confinada a um lugar específico, ao do culto de cada um, não invadindo as esferas dos costumes, da política, da filosofia e da ciência em geral. Moderno, ele defendia a ideia de que a razão deveria permear todos os domínios da vida humana, numa atividade libertadora, pois voltada contra as mais diversas formas de dogmatismo.