Trabalhadores na Volks Chattanooga, no Tennessee, prestaram solidariedade aos metalúrgicos de Taubaté. As crises econômica e política agravam ainda mais a situação da VW que não consegue cumprir suas metas de produção por falta de autopeças não entregues pelos fornecedores
Em abril de 2015, o conglomerado da VW registrou seu primeiro prejuízo em 20 anos. Imediatamente, seu presidente Matthias Müller declarou no início de 2016 que a VW “é muito mais do que a crise” e que espera encerrar 2016 com lucros. A prioridade, segundo o presidente da companhia, é “recuperar a confiança” dos clientes que aposta nos veículos elétricos com o lançamento de 20 modelos híbridos ou 100% elétricos até 2020.
A crise na VW teve início em setembro de 2015 quando o mundo inteiro soube que a montadora havia instalado um software em carros a diesel com a intenção de enganar os testes de emissões realizados por entidades reguladoras.
Essa poderia ser uma boa desculpa para explicar a crise que ronda unidade da VW de Taubaté. Porém, a crise da VW no Brasil está umbilicalmente ligada aos problemas econômicos e políticos que rondam a terra descoberta dor Cabral.
VW paralisada em Taubaté
Toda semana ou em vários dias da sema na o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté informa que a empresa se encontra paralisada por falta de autopeças, o que impede a montagem de veículos. Confira:
16 de maio: A VW paralisa as operações por falta de bancos para a montagem dos carros. A decisão vai afetar os cerca de 4.500 funcionários da montadora, que vão trocar o tempo em casa, por banco de horas. A empresa, responsável pela entrega dos assentos, é a Keiper [para] os modelos Up, Gol e Voyage. Não há previsão de outras paradas.
17 de junho: A VW apresentou ao Sindicato uma notificação que alterou, pela segunda vez no mês de junho, o pedido de Férias Coletivas da empresa, junto à Delegacia Regional do Trabalho. O documento foi entregue nesta tarde. A notificação se refere à concessão de férias coletivas a aproximadamente quatro mil funcionários. A maioria dos metalúrgicos fica em casa a partir do dia 4 de julho e retoma as atividades no dia 25 de julho. Um grupo de 780 empregados retoma ao trabalho no dia 2 de agosto.
No documento, a empresa alegou ao Ministério do Trabalho a necessidade de adequação do processo da linha produtiva com o mercado. Desde maio, essa é a quarta alteração no calendário das férias coletivas
20 de junho: Metalúrgicos do primeiro e segundo turno da VW de Taubaté ficam em casa hoje e também não haverá produção no primeiro turno de amanhã, 21 de junho. A paralisação é por falta de bancos, que novamente deixaram de ser entregues pela empresa Keiper. A parada atinge os cerca de 4.500 funcionários da montadora. Trabalham somente os funcionários das áreas essenciais. A responsabilidade pela falta das peças é da empresa Keiper e do Grupo Present.
As horas de paralisação vão ser contabilizadas em banco de horas individual de cada trabalhador, sem prejuízo financeiro para os metalúrgicos. Os funcionários dos setores chamados de essenciais; estamparia, armação, manutenção e parte da área de vendas, atuam normalmente. No total cerca de 3.700 trabalhadores deixaram de trabalhar hoje.
O Sindicato informa que não tem nenhuma participação nas negociações entre as empresas, mas não vai permitir que os impasses tragam prejuízos aos trabalhadores, e espera que tudo seja resolvido o mais breve possível.
21 de junho: Volks paralisa segundo turno que ficam em casa por falta de peças para a montagem dos veículos. Apenas os funcionários dos setores essenciais atuam normalmente.
22 de junho: Sindicato dos Metalúrgicos informa que os trabalhadores do segundo turno da VW ficam em casa por falta de peças para a montagem dos veículos. Apenas os funcionários dos setores essenciais atuam normalmente.
Hernani Lobato, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté
Rádio Peão
A troca informal de informações boca-a-boca entre funcionários foi à forma como os trabalhadores ficam sabendo se haverá ou mão paralisação dos trabalhados. Ainda de acordo com os trabalhadores, informações são passadas através de mensagens por WhatsApp e por notícias transmitidas na televisão. Sem informações oficiais da Volkswagen, os funcionários dependem do Sindicato dos Metalúrgicos para receber as informações. Eles reclamam da falta de informações e de comunicação da empresa. Os funcionários ainda não sabem quando devem voltar ao trabalho e até quando a paralisação continuará o que prejudica, por exemplo, a rotina e o planejamento dos dias que ficarão sem trabalhar.
De acordo com o Sindicato, as paralizações têm afetado cerca de 4 mil trabalhadores. As horas paradas são contabilizadas em banco de horas individual de cada trabalhador, sem prejuízo financeiro para os metalúrgicos.
A VW informou que as paralisações são devido a problemas de fornecimento de bancos e trilhos para bancos fabricados pelo Grupo Prevent, que é dona da Fábrica Keiper. A empresa afirma que não há previsão de quando os funcionários retornarão ao trabalho.
Em documento encaminhado à 2º Vara Cível de São Bernardo do Campo, a montadora afirma que a falta de entrega das peças interrompeu a produção de 1,2 mil veículos por dia, o que atrasou a entrega de veículos para as concessionárias e compradores. A Keiper retomou a entrega depois da decisão do juiz de que os bancos deveriam ser entregues em 24 horas. Caso a fábrica desobedecesse, ela teria que pagar multa de R$ 500 mil por dia.