No início da tarde dessa quarta-feira, 02, a bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados anunciou que votará pela continuidade do processo de cassação do presidente daquela Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Os nobres parlamentares teriam cedido à pressão do presidente da sigla, Rui Falcão, e da própria militância. Cascata pura!

Falcão não dispõe dessa bola toda. Sempre agiu como pau mandado de José Dirceu e, mais recentemente, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Como liderança do PT, Falcão é uma figura sem qualquer prestígio. Só é ouvido quando se expressa como boneco do ventríloquo grande chefe.

Nesse momento, seu discurso expressa uma estratégia do grupo de Lula voltada para 2018. Ou seja, o governo Dilma está literalmente rifado pelo PT. Essa é a grande verdade. E, como não existe qualquer possibilidade de sobrevivência caso permaneçam nesse barco furado, é melhor partir para a retomada do poder em 2018.

 

Petistas trocam figurinhas no Conselho de Ética da Câmara

 

A vitória só será viável caso o PT se afaste literalmente do governo Dilma Roussef. E o melhor caminho é lançá-la aos abutres famintos da “oposição” para permitir e facilitar o processo de impeachment.

Consumado o afastamento da presidente, assumirá o vice Michel Temer (PMDB), tal qual ocorreu com Itamar Franco quando Fernando Collor foi afastado em 1992. Naquela ocasião, apesar de ter participado e até liderado alguns episódios que levaram ao impeachment do então presidente Collor, o PT se recusou de participar do novo governo e não vacilou em expulsar do PT lideranças como Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo. Erundina aceitou e assumiu, em 1993, o cargo de ministra-chefe da Secretaria da Administração Federal. Político hábil e honesto, Itamar Franco constituiu um governo de coalizão política formado por políticos e lideranças de diferentes correntes.

Já dizia um filósofo que a história não se repete. Mas os ideólogos petistas esqueceram tudo o que já pregaram. E partiram para a montagem da farsa – repetir o que fizeram no impeachment de Collor – como oposição ferrenha ao governo de Michel Temer. E pavimentar o caminho para o retorno de Lula em 2018.

Mas, como dizia o poeta, existe uma pedra no meio do caminho, uma surpresa agradável, que se chama Poder Judiciário.