Tudo começou com uma circular da Assessoria de Comunicação: “A Prefeitura de Taubaté informa que a empresa Shekinah Construtora entregou pedido de rescisão do contrato de prestação de serviço para revitalização do conjunto habitacional do bairro Esplanada Santa Terezinha.

No texto do requerimento, o representante legal da empresa Omar Alves Macedo alega transtornos ocasionados pelo fato das obras interferirem no dia a dia dos moradores. Com o pedido de rescisão, a Prefeitura alerta que as reformas serão paralisadas até que se faça uma nova licitação”.

 

As razões misteriosas

Nossa reportagem foi atrás da mal explicada nota oficial e descobriu que se trata de uma retaliação da Shekinah Construtora contra a Prefeitura. Por trás de tudo, estaria aquela eterna reforma do Cadeião JK que haviam sido retomadas em julho de 2012. Naqueles dias, depois de quase três anos de interdições, abandono e atraso nas obras, a empresa responsável pela obra havia assinado o contrato e os engenheiros já estavam fazendo avaliações no local.

A empresa tinha prazo até dezembro de 2012 para concluir a reforma, orçada em R$ 1,6 milhão.

Porém, tudo continuou na mesma toada. Em 2013, o prefeito Ortiz Júnior (PSDB) entrou com um processo administrativo contra a Shekinah por abandono da obra. Além de perder a ação, a empresa ficaria impedida de assinar novos contratos com órgãos públicos.

Diante da derrota, a Shekinah rescindiu o contrato que mantinha com a Prefeitura para revitalizar um conjunto de casas populares entregues pelo governo anterior que manteria relações pouco ortodoxas com a referida empresa.

Breve história

O cadeião da JK, como era conhecido aquele Centro de Triagem, foi interditado em 2009. Na época, laudos apontaram que o prédio tinha problemas de segurança. Para resolver o impasse, foi firmado um acordo entre a Prefeitura de Taubaté e o governo do estado. Pelo projeto, apenas cinco das 25 celas seriam mantidas, mas receberia unidades administrativas da polícia, como a delegacia seccional.

Em 2010, depois que o MP entrou com pedido de interdição do Cadeião, a prefeitura anunciou que assumiria a obra. A empresa contratada na época, a Pré-Engenharia, fez a demolição do prédio e faliu. Havia cumprido apenas 30 % do cronograma. Outras duas licitações foram abertas. Em junho de 2012, a situação parecia resolvida com a contratação da carioca Shekinah Construtora. Ledo engano!