Perdemos um dos grandes nomes do jornalismo da região. Na sexta-feira, 10, o gaúcho Carlos Fernando Karnas não resistiu a uma operação para a retirada da vesícula. O velório e enterro aconteceram na tarde fria de sábado, 11. Tinha 70 anos.
Natural de Porto Alegre, Karnas morava há mais de 25 anos no Sítio da Mata Pequena na cidade de Caçapava. Dedicou 40 de sua vida ao jornalismo. Esteve presente no início da TV Globo Vale do Paraíba, atual TV Vanguarda, onde implantou e comandou o jornalismo. Trabalhou também na emissora na Capital e em diversos veículos de comunicação como os diários Zero Hora, Folha da Manhã, Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, Diário de Notícias; as rádios Guaíba do RS e a Marconi, de SP; as TVs a Gaúcha e a RBS de Porto Alegre. Trabalhou também na mídia internacional como o Federal News Service, nos EUA.
Carlos Karnas era escritor. Em fevereiro de 2010 lançou o livro “UM QUARTO DE MIL” onde reúniu contos ficcionais breves com exatas 250 palavras cada um. Um produto inédito na literatura brasileira. Foi também professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, da Unisinos – RS e na Universidade do Vale do Paraíba (Univap).
Karnas também era muito conhecido no meio político do Vale do Paraíba. Não tinha medo de expor e comentar as falhas cometidas pelos políticos com comentários e críticas aos governos da região e do país. Ele comandou a comunicação da campanha vitoriosa de Antônio Mário Ortiz para a prefeitura de Taubaté, em 1996. No ano seguinte assumiu a diretoria de comunicação da Prefeitura “Grande amigo, jornalista, escritor e um sábio”, afirmou o ex-prefeito sobre o Karnas, concluindo que ele fará falta aos familiares, amigos e ao jornalismo do Vale do Paraíba.
Taubaté no coração
Em agosto de 2011, no auge da pressão para que a Câmara Municipal cassasse o mandato do então prefeito Roberto Peixoto, Carlos Karnas publicou um artigo no perfil do ex-prefeito Mário Ortiz no Facebook. Ele tinha certeza que Peixoto seria cassado. Eis o final de seu artigo:
“O homem público (Peixoto) faz crescer a truculência, o rancor e a falsidade. O município e a sociedade não merecem isso. O pior, no jogo do poder, é se identificar determinados vereadores engalfinhados em querer defender o indefensável. Aqueles aliados à postura servilista e venal tão evidente, dão mostra clara de desserviço legislativo e público. Entretanto, quem poderá entender as características peculiares da política de Taubaté? A cidade e a sua população que aguentem. Os justos que se desesperem.
O fato é que a cidade se mantém e cresce em meio ao caos da administração municipal. O cidadão digno trabalha, produz e paga seus impostos, mesmo sabendo que esse dinheiro servirá para outros fins, distantes do bem coletivo. Portanto, está chegando a hora de se apor o ponto final na história da relaçáo do prefeito Peixoto com Taubaté. Caso contrário, tudo virará histórias das mil e uma noites, fantasiosas e sem fim, na Taubaté que tem sangue e energia para varrer o corrupto. A sociedade taubateana deve, sim, honrar e sustentar a grandeza dos nomes e personalidades que são exemplos das histórias dignas e verdadeiras para toda a nação. Com consciência limpa e alma lavada, a cidade poderá fazer valer aquilo que lhe compete, para continuar a crescer e ser feliz, com honestidade, dignidade e justiça. Não há como Peixoto não ser cassado”.