Ortiz Jr exibe incrível controle emocional ao planejar seus passos
Condenado numa ação que em última análise envolve um esquema tipo “petrolão”, aplicado na FDE do Governo do Estado (Fundação que faz as compras e investimentos para a Educação no Estado de SP), que resultou na cassação de seu mandato e suspensão direitos políticos, com inelegibilidade, Ortiz Júnior (PSDB) foi deposto do cargo de Prefeito pela Justiça. Mais do que pela Justiça: pela mais alta corte eleitoral do País – Tribunal Superior Eleitoral.
Mesmo assim, na data de ontem, quarta-feira, 17, o Prefeito deposto, em cerimonia festiva e com transmissão ao vivo pelo Facebook, lançou sua candidatura à reeleição, sem antes conseguir nem mesmo uma liminar ou tutela antecipada para sustentar sua decisão.
Encaro isso como uma estratégia. Eduardo Cunha deve estar se retorcendo por ver, aqui na terra de Lobato, um estrategista bem ao seu molde. Se, no correr do caminho, ele conseguir liminar ou tutela antecipada para sustentar o seu pleito, ele corre em frente e participa das eleições.
Pode também não conseguir a autorização da justiça para concorrer. Claro que isso está no horizonte de todos os atores políticos, inclusive no do próprio Ortiz Jr, pois é o mais provável a acontecer.
Por qual razão, então, Jr mantém sua candidatura? A razão real só ele sabe! Mas uma hipótese me parece clara. Quer empurrar a sua provável substituição para o último prazo possível, o mais em cima da hora da eleição.
Com isso, Ortiz Jr, que é bom de TV, terá um enorme tempo à sua disposição para posar de vítima, prestar contas de sua gestão com os devidos toques publicitários e fazer a passagem do bastão para outro candidato “à la Michel Phelps” nas provas de revezamento: com larga distância para o segundo colocado.
Há risco na empreitada, pois não se sabe como o eleitor receberá, em casa, pela TV, o Prefeito deposto por decisão da mais alta corte eleitoral do País. Entretanto, dada a exiguidade de tempo para viabilizar um sucessor para troca, é uma aposta mais do que criativa.
Resta ainda saber como reagirá a Justiça diante dessa estratégia – se permitirá ou não que tenha prosseguimento. Resta também saber o que farão seus adversários, até aqui se fingindo de mortos: se esperarão a Justiça agir de ofício ou se enfrentarão a estratégia de imediato, sob pena de, não o fazendo, aceitar o risco de ver suas pretensões virarem pó. Vamos observando!
Antônio Mário Ortiz, ex-prefeito e ex-vereador