Fiquei curioso. De maneira sutil, aos poucos aquelas fitinhas dobradas de maneira a imitar um laço mal terminado e com as pontas voltadas para baixo foi marcando minha percepção. E comecei a prestar atenção nas cores que variam de mês a mês. Intrigado, busquei informações e encontrei algumas curiosidades. As tais fitinhas que hoje emblemam campanhas, nasceram das homenagens aos retornados da Guerra do Golfo (agosto de 1990 – fevereiro de 1991). No desembarque nos portos norte-americanos, eles portavam uma fita amarela no braço direito. A simpática homenagem foi retomada por ocasião do esforço contra estigmas de pessoas contagiadas com o vírus da aids. Corria o ano de 1991 e a empesa Visual Aids iniciava uma campanha de sucesso mundial. Há várias versões sobre a continuidade dessa prática, algumas bem sugestivas.
Os profissionais empenhados na proposta antiaids desenvolveram relatórios explicativos que continham justificativas merecedoras de atenção. A cor vermelho, por exemplo, remetia à representação tanto do sangue como da paixão. O apoio de celebridades e políticos logo popularizou a proposta que passou a compor cenários de premiações artísticas, escolares e esportivas. Em Nova York, a suntuosa igreja Saint John the Divine, o maior templo anglicano do mundo, assumiu o símbolo do laço vermelho em seu interior e isto valeu como licença para a discussão da aids além das consequências físicas. Estava dada a largada para o debate também sobre outras moléstias ou males.
Milhares de militares retornados da Guerra do Golfo recebiam uma fita amarela
Na história das campanhas publicitárias, os laços ocupam lugar especial, pois não se remetem apenas aos aspectos do marketing comercial. O propósito de conscientização enterneceu o mundo todo atravessando diferentes culturas, mantendo a proposta de sensibilização social. Além do aspecto humanitário, essas campanhas têm sido usadas também para arrecadar fundos para pesquisas e foi exatamente esta tendência que facilitou a organização de cores. Destinadas à orientação de debates gerais, cada mês do ano ganhou uma referência que, em alguns casos, se desdobram em duas ou mais propostas. Ainda que não haja unanimidade, assim as campanhas podem ser consideradas:
JANEIRO BRANCO: remete aos cuidados com a saúde mental
FEVEREIRO: tem dupla coloração, o roxo remete à crescente onda do Alzheimer e na versão laranja inscreve campanhas sobre a leucemia
MARÇO LILÁS: destinado à prevenção de cânceres, tanto o de colo do útero como o combate ao câncer colorretal
ABRIL AZUL: os laços claros se prontificam às representações em favor de esclarecimentos sobre o autismo
MAIO: a cor encarnada serve para debater males da hepatite
JUNHO VERMELHO: mês ligado à doação de sangue
JULHO AMARELO: tom claro, indicativo do combate ao câncer ósseo.
AGOSTO: duplica as cores, o ALARANJADO destinado à esclerose múltipla e o DOURADO para o aleitamento materno
SETEMBRO AMARELO FORTE: remete à prevenção do suicídio
OUTUBRO ROSA: vale para o alerta ao câncer de mama
NOVEMBRO AZUL FORTE: para chamar a atenção para o câncer de próstata
DEZEMBRO duplica as cores: o VERMELHO relativo ao combate à aids e o LARANJA contra o câncer de pele
Pois é, estamos em outubro, alinhando o final do ano. O mês número 10 carrega também a homenagem ao dia em que os europeus chegaram à América, à Padroeira do Brasil e aos professores. O destaque sugerido pela área da saúde, contudo, recomenda cuidados especiais com o câncer de mama e isto demanda atenção. De maneira provocante, acho que o mote do laço rosa merece mais do que se tem visto. Falar deste câncer amplia responsabilidades por remeter também a outro destaque do mês: a saúde mental comemorada no dia 10. A consideração do combate ao câncer de mana no dia da reverência à saúde mental duplica deveres. Consideremos ambas.