Por Pedro Venceslau
À frente da prefeitura, o PT de hoje tem um discurso diametralmente oposto ao PT de ontem.
A imagem da fachada da sede nacional do PT, localizada no centro de São Paulo, depredada ontem foi o retrato de um dilema enfrentado pelo partido.
Apesar do prejuízo, a legenda abafou o caso. Registrou um boletim de ocorrência, mas nenhuma nota oficial foi divulgada e os dirigentes evitaram o tema ao longo do dia. Além dos vidros quebrados, o partido também foge de qualquer tipo de manifestação, oficial ou paralela, sobre o reajuste das tarifas em si.
À frente da prefeitura, o PT de hoje tem um discurso diametralmente oposto ao PT de ontem. Quando a deputada Luiza Erundina era prefeita da capital no fim dos anos 80, o “passe livre” era a maior vitrine da sigla que se firmava no cenário nacional. A utopia de ontem virou o pesadelo de hoje.
Secretário de Transportes na ocasião, Lucio Gregori foi o idealizador de um projeto que por muitos ano norteou o discurso sobre o modo petista de governar. As tarifas de ônibus deixariam de ser cobradas e o sistema seria custeado por recursos do IPTU, que receberia um aumento progressivo dependendo da renda do trabalhador. A ideia naufragou devido à falta de apoio político de Luiza Erundina na Câmara Municipal e na opinião pública.
Depois das ruidosas manifestações de Porto Alegre contra o reajuste, Fernando Haddad percebeu que na não seria diferente quando chegasse a vez de São Paulo. Por uma ironia do destino, o prefeito estava em Paris e a capital sob a direção de Nádia Campeão, do PCdoB, quando a crise estourou. A UJS, braço jovem do Partido Comunista do Brasil, marchou contra o aumento da tarifa pelas ruas de São Paulo.
Artigo publicado originalmente no jornal Brasil Econômico