Percebendo o risco de naufrágio, partido retira o apoio ao governo federal em menos de cinco minutos; com as eleições de 2018 à vista, a decisão provoca mudanças no cenário político municipal.

 

Por  Nathália de Oliveira

Aos gritos de “fora PT”, o PMDB aprovou na tarde de terça-feira, 29, o rompimento do partido com o governo Dilma. A decisão foi rápida. A reunião durou menos de cinco minutos. As principais lideranças do PMDB estiveram presentes, inclusive o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Porém, o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado Renan Calheiros não participaram do evento.

Renan Calheiros argumentou que não compareceu para evitar que se estabelecesse alguma confusão entre sua atividade partidária com a presidência do Senado.

O documento aprovado defende o fim do governo Dilma e considera que, apesar do vice ser do PMDB, o partido “nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas do País”. Considera também que permanecer na base aliada “vai de encontro com a vontade do PMDB de lançar candidato próprio para as eleições de 2018”.

Em Taubaté, a debandada já tinha sido iniciada com a saída dos vereadores Alexandre Villela e Carlos Peixoto para o PTB. CONTATO ouviu 15 dos 19 vereadores a respeito da debandada. Confira:

 

Alexandre Villela (PTB)

Ex-integrante do PMDB acredita que demorou para que a presidente perdesse o apoio da legenda. “Isso mostra que o partido continua o mesmo. Gostando de poder e onde estiver oportunidade de crescer, ele vai crescer. Pensando só nele, nunca no povo brasileiro”, destacou o parlamentar. “Se a presidente Dilma tivesse uma boa aceitação, eles não sairiam do apoio, mas como a situação é outra e eles perceberam que estão perdendo espaço, optaram por isso”.

 

Bilili de Angelis (PSDB)

O vereador acredita que a decisão do PMDB foi tomada porque percebeu que o governo não tem mais solução. “São políticos. Nem vereador do PT tem mais aqui na Câmara. Nada contra eles que são meus amigos, mas o Salvadorzinho que vivia defendendo a Dilma mudou de partido. É igual filho. Quando é bonito todo mundo quer, mas se o filho é feio…”.

 

Carlos Peixoto (PTB)

Outro ex-peemedebista que acredita que a legenda fez a escolha certa. “Todos estão percebendo a mesma coisa, que a situação do Governo não é boa. Tá na hora de pular do barco e foi isso o que o PMDB fez”, opinou o parlamentar.

 

Diego Fonseca (PSDB)

Para o vereador tucano o PMDB fez a escolha errada. “Ele [partido] é aliado desde o primeiro mandato do presidente Lula e agora eles saíram da base. Acho que o que eles fizeram é uma coisa feia. Sempre foram parceiros e agora [querem] esquecer do que fizeram parte”.

 

Digão (PSDB)

A crise política em que o país vive é um dos motivos para o afastamento do PMDB, de acordo com o vereador Digão que acredita que a ação foi natural. “O PT vive o seus problemas em Brasília e quem ficar junto com esse governo vai morrer afogado. A decisão não deixa de ser oportunista por causa disto”.

 

Douglas Carbonne (PCdoB)

Vereador comunista reitera o gosto do PMDB pelo poder e utiliza uma expressão muito utilizada pelos marinheiros para expressar sua opinião: “Quando o barco afunda, os ratos são os primeiros a abandonar o navio”.

 

Graça (PSD)

A vereadora acredita que o PMDB aproveitou o momento de indignação da população para retirar o apoio ao governo. “Achei muito tarde. O governo há muito tempo está com esta má gestão. E eles [PMDB] foram oportunos em sair agora, mas temos que lembrar que eles sempre foram da base aliada”.

 

Jeferson Campos (PV)

Vereador acredita que a decisão do PMDB éfruto da crise política que contaminou todo o país. “Se o Brasil já está nesta crise, imagina se governado pelo Eduardo Cunha, Michel Temer…”.

 

João Vidal (PSB)

Para o vereador, foi oportunista a decisão do PMDB sair da base aliada do governo federal. “Eles compartilharam o governo, compartilharam ministérios, compartilharam denúncias na lava-jato e agora em três minutos decidiram esquecer 13 anos de governo”.

 

Joffre Neto (PSB)

Vereador socialista compartilha da mesma opinião de seus pares e classifica a atitude como oportunista. “O PMDB não está saindo do governo, ele está saindo da base aliada para continuar no governo. Oportunismo puro”.

 

Luizinho da Farmácia (PROS)

Para Luizinho da Farmácia o partido é oportunista. “Eles gostam de poder. Eles retiraram o apoio por que perceberam que estavam perdendo o poder”.

 

Noilton Ramos (PPS)

Diferente dos demais parlamentares, Ramos não acredita que a ação do PMDB seja oportunista. “O sistema é feito de acordos governamentais e quando o partido mandatário não respeita este acordo não faz mais sentido [manter] a aliança. O Brasil não pode ficar na dependência do governo”.

 

Nunes Coelho (PRB)

O vereador pastor não quis opinar sobre a decisão do PMDB, mas ressaltou que o seu partido, também não faz mais parte da base aliada do governo. “Faz 15 dias que o meu partido saiu da base tendo em vista a condição em que o País está”.

 

Paulo Miranda (PP)

Presidente da Câmara Municipal, Miranda acredita que a decisão do PMDB pode ser boa também para o PT. “Foi bom para os dois lados. Agora cada um pode correr com suas próprias pernas”.

 

Salvador Soares (PRB)

Salvador Soares, que recentemente trocou o PT pelo PRB, acredita que a debandada do PMDB pode afetar o processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff. “Acredito que agora haverá uma migração de deputados para outros partidos o que pode inviabilizar o impeachment da Presidente. Pode inviabilizar o partido [PMDB]. O PSD é o refugio políticos insatisfeito com a oposição”.