De repente, recebo a informação de que dona Cidinha Dias partiu. Em seguida, foi a vez do ex-vereador Carlão Peixoto. Minha funcionária que arrumava a casa avisa que teria de ir pra casa porque sua mãe telefonara informando que seu primo havia falecido. Ainda atordoado, recebo um WhatsAap com posts de filmes sobre o incêndio que destruiu o Margarida Café em Paraty. Tudo isso antes do meio dia. Chega!

Carlao

Carlão Peixoto, quando era presidente da Câmara, em 2009

Com viagem marcada, a cabeça começa a funcionar com imagens de pessoas queridas e lugares que fazem parte de minha vida.

Dona Cidinha era a única solteira da família e irmã dos empresários José, já falecido, e Tinho que construíram o império do entretenimento quando só existia cinema e circo. Teatro nunca foi um bom negócio. Pelo menos naquela época, quando minha geração frequentava o cine Palas, que fazia parte de uma rede com mais de duas centenas de salas de espetáculo. Hoje, aquele espaço abriga mais uma igreja evangélica. Descanse em paz dona Cidinha!

A esquina destruída pelo fogo em Paraty era um casarão do início do século 19. Não sei quantas atividades ocuparam seu espaço. Comecei a frequentar aquela cidade, um patrimônio histórico que merece mais cuidado por parte de nossas autoridades, no início de 1964. Fui convidado pelo meu amigo Roberto Dias, sobrinho de dona Cidinha, para compartilhar o prazer de realizar sua primeira viagem no fusquinha que acabara de ganhar de presente pelos seus 18 anos.

Doze anos depois eu me tornei um frequentador assíduo daquelas ruas de pedra que exigem muito equilíbrio e bom preparo físico. Não me lembro o tipo de atividade que o casarão destruído abrigava.

Margaraida Cafe

Margarida Café, como era até ontem à noite

Há mais de 10 anos, com certeza, ali passou funcionar o Margarida Café, que antes funcionava em imóvel comprido e estreito no meio do centro histórico. Música e boa comida sempre foram sua marca. Consolidou-se como um ponto obrigatório para os turistas e moradores de Paraty. Paulo, o proprietário, empresário bem-sucedido, comprou outro ponto imperdível: o Bar Coupé, na esquina da praça, ao lado da catedral. Nos últimos anos, produz o melhor da cidade. É o próprio Paulo, um chef que se impôs num mercado altamente competitivo, quem acompanha produção diária. Sentirei faltas das diferentes baguetes ali produzidas.

Incendio

Margarida Café, hoje de madrugada

E o Carlão? Filho de Moacir Alvarenga Peixoto e Ana Maria Lopes e pai de Giovanna, nasceu em fevereiro de 1975. Mantinha estreitos laços com a igreja Católica e como jornalista trabalhou na rádio Difusora e na Missão Sede Santo. Na própria Unitau onde se formou obteve pós-graduação em Comunicação e Marketing Político.

Com a política no sangue, elegeu-se vereador em Taubaté por três legislaturas. Não conseguiu se reeleger em 2016.       Fez muitos amigos e inimigos (muito mais, talvez) em sua carreira política. Mas deixou uma marca. Nunca deixou de cumprir o compromisso selado no fio do bigode.