O sonho acabou, diria aquele português da padaria onde você foi comer o doce e debochar dos mortos. É hora de já ir
Põe aquela meia do ministro para não fazer barulho e assim como quem não quer nada, na maciota que não é do seu estilo, pode já ir saindo de fininho. Chegou a hora de desligar o aquecedor dessa piscina de sandices olímpicas.
O Brasil não merece esse Brasil escrotizado, esse orgulho barratijucano de exibir três cartões corporativos, passar o rodo em metade do condomínio e depois contar na televisão. Até os machos do BBB se deram mal com essa onda cafajeste. Eia! Sus! Chispa!
Pega a carta branca que você não deu, as tosses que você fingiu e sai desse palácio que não te pertence porque já se faz tarde, mas já se faz verdade — a profecia do visionário haitiano. Acabou.
O Brasil está matando o Brasil e não interessa mais se você chamou a mulher de gorda, se é mesmo traficante a senhora mãe de sua digníssima senhora e se uma delas fez operação plástica ou simplesmente diminuiu em dez anos a certidão de idade. Chega dessas maluquices, Caveira!
Veste a camisa pirata do Palmeiras, calça o Crocs cor de abóbora e, antes que o taxista siga para o mesmo nosocômio onde internaram o Adélio da facada, dá o endereço da Avenida Lúcio Costa 3100. Ao chegar na portaria, diga claramente se vai para o 58 ou para o 66, se para a casa da mãe joana ou se para o sindicato do crime. Vá para onde for, mas seja finalmente sensato e não saia de casa.
Junte tudo que é seu, o revólver embaixo do travesseiro, o quadro com o AR15 na parede da sala, e deixe livre o caminho para a volta imediata da ciência, do bom senso e dos bons propósitos. Um país com 400 mortes diárias por coronavírus não precisa de quem tem como prioridade a pauta de implodir o coitado do Inmetro. Deixa o tacógrafo em paz.
Ramagem, indicado para dirigir a PF, foi indicado pelo amigão Zero 2
Modificar o cardápio, comer sabugo de milho no almoço de domingo, tudo isso é misturar alho com bugalho, não dignifica o currículo de ninguém. Só deixa claro que mais uma vez o macaco não sabe o tamanho de seu galho presidencial.
Finja-se de Napoleão tropical e saia por cima, saudando seus ministros com uns passos da coreografia de “Singing in the rain”, o guarda-chuva aberto, dentro do gabinete.
Num último gesto do grande estadista que você não foi, dê um telefonema (como se diz “parça” em inglês?) para o Trump, um sujeito que não é lamentavelmente desarmamentista como o pessoal daqui. Pague-lhe de saideira uma devotada babação de hétero para hétero e, americanos sabem das coisas, abra-lhe o coração. Conte como você invejou a ideia genial de matar o coronavírus, essa praga inventada pelo comunismo chinês, com uma injeção de desinfetante.
Quem traiu quem? O Bozo ou o Moro? Façam suas apostas
O sonho acabou, diria aquele português da padaria onde você foi comer o doce e debochar dos mortos. É hora de já ir. Não dá mais para tapar o sol de tantos desvarios com a precariedade de uma ramagem amiga, a última novidade decretada por sua golden shower desgovernada. Desiste. Ofereça como despedida, para que não deixe qualquer sombra de saudade, aquele relincho de rodeio, uma das suas marcas nesta triste aventura em que o Brasil se perdeu do Brasil.