Candidato a prefeito da terra de Lobato depois de fazer muitos estragos enquanto assessor de primeiro escalão no governo de Roberto Peixoto, arquiteto Monteclaro César Júnior, que faz parte do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, propõe como bandeira a demolição do Mercadão
Há anos foi criado um grupo de abnegados lutadores pela preservação da memória cultural desta cidade em um movimento autodenominado Preserva Taubaté. Se não fosse a mobilização desse pequeno grupo, certamente muito de nossa memória já teria deixado de existir. Não foram fáceis os oito anos vividos sob a batuta do então prefeito Roberto Peixoto.
Mais recentemente, eis que um novo grupo se forma espontaneamente em torno de um patrimônio da humanidade abrigado na terra de Lobato: o Museu de História Natural de Taubaté, idealizado, criado e mantido pelo esforço quase sobre-humano do médico e paleontólogo Herculano Alvarenga. Foi ele quem descobriu os primeiros ossos de um animal que por aqui viveu há cerca de 23 milhões de anos e executou a reconstrução do esqueleto desse bicho pré-histórico. Foi ele também quem o batizou de Taubatherium.
Capa de CONTATO, uma ilustração desse animal com pouco de mais 300 quilos e menor que um cavalo, suscitou debates e conversas que foram das mesas animadas de botecos como o Barril do Zé Bigode, até a academia onde pontifica José Carlos Sebe Bom Meihy, um dos mais respeitados especialistas em história oral desse Brasil, quiçá do planeta.
Em pouco tempo, personalidades como Renato Teixeira e seu irmão Roberto de Oliveira, os irmãos Eduardo e Edmauro Pereira Santos, o advogado, escritor e cientista político Evaldo Amaro Vieira, o médico Paulo Pereira e muitos outros se aglutinaram em torno de um objetivo: defender a memória e o patrimônio material e imaterial, como a música, de Taubaté.
Entre os primeiros patrimônios listados como a Capela Nossa Senhora do Pilar, Villa Santo Aleixo, Igreja do Rosário, Casas Pias e outros, foi dado destaque para o Mercado Municipal e seu entorno, por onde circularam e ainda circulam a história viva e a vivida das famílias que construíram e mantém viva essa sociedade centenária.
Desastre ambulante
Foi nesse clima que Monteclaro César Júnior, arquiteto e professor da UNITAU, se lança candidato a prefeito. Sem qualquer dúvida, ele tem o direito de pleitear um cargo público desde que eleito democraticamente. Porém,Monteclaro é representante da nossa Universidade no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. Trata-se de um colegiado que deveria ser formado por cidadãos comprometidos com a nossa história, e com a lucidez necessária para impedir que o desenvolvimento baseado exclusivamente no lucro fácil prevaleça. Por essa razão, não é admissível, em sã consciência permanecer em silêncio diante de uma plataforma como a proposta por esse urbanista frustrado.
Em seu perfil no Facebook, Monteclaro propõe como candidato assumido, entre outros pontos:
1) derrubar o Mercadão e construir outro no mesmo local com 3 pavimentos, estacionamento, lanchonetes e um solarium com bares e restaurantes; 2) doar a esquina das[rodovias] Carvalho Pinto com a Dutra para a construção da cidade universitária da Unitau; 3) liberar a verticalização na área central; 4) duplicar as ruas São José – Anizio Ortiz e Jacques Felic – Mariano Moreira criando um grande eixo perpendicular. E por aí vai, sem explicar como seriam financiadas as desapropriações necessária.
Reações
Mestre José Carlos Sebe ficou chocado quando recebeu essa mensagem através do Facebook. Imediatamente, escreveu o texto Não Mexam no Mercadão, pelo Amor a Taubaté, publicado na edição 712 do CONTATO.
Os novos defensores da nossa memória, reunidos como um coletivo autodenominado Taubatherium, entraram em campo para organizar o primeiro evento em defesa do patrimônio histórico. No dia 8 de dezembro será realizado o espetáculo Uma Noite no Museu com Renato Teixeira e artistas locais que apresentarão um show musical no espaço livre ao lado de Museu de História Natural. Será, sem dúvida, uma manifestação que servirá de teste sobre o compromisso do taubateano com sua história.
Monteclaro será bem vindo se comparecer ao show. A única preocupação dos organizadores seria a de mpedir que o público presente o transforme em mais um dos espécime empalhados no acervo do museu. Seria o jurássico Reacionarius Ridículum Erectus.