Por Marcos Limão
No Hemisfério Sul, a estação mais quente do ano tem início no dia 21 de dezembro. Porém, a ocorrência de chuvas de curta duração e grande intensidade são registradas a partir de meados da Primavera. Os munícipes estão cansados de conhecer e sofrer suas consequências diante do crônico problema da drenagem urbana vivido na terra de Lobato, apesar das promessas de todo prefeito de plantão.
Em Taubaté, existem 18 quilômetros de córregos canalizados e muitos pontos de constantes enchentes: Parque Aeroporto, Parque Três Marias, Jardim do Sol, Ana Rosa, Jardim Eulália (Mercatau) e as Avenidas Charles Schneider (região do Taubaté Shopping) e Walter Thaumaturgo (Câmara Municipal) são alguns desses pontos.
Engenheiro, João Bibiano Silva, atual secretário de Obras, Trânsito e Transporte, participou ativamente do processo de canalização desses córregos, realizado há cerca de 30 anos. Ele afirma que o planejamento não considerou o “crescimento acentuado” vivido por Taubaté, fato agravado pela falta de manutenção durante o governo de Roberto Peixoto (PEN). “A tubulação foi dimensionada para vazões imaginando uma determinada ocupação, mas essa ocupação triplicou. Evidentemente que essas canalizações precisam ser revistas”, conclui o secretário.
Bibiano conhece como poucos a estrutura do sistema de drenagem. Disse que caminhou quatro vezes por dentro do sistema de drenagem na época em que promovia reparos nas galerias enquanto membro do primeiro escalão do governo do então prefeito Bernardo Ortiz. A luta contra as enchentes foi classificada como “guerra” pelo secretário de Obras.
As obras de canalização de córregos realizadas pelo engenheiro e então prefeito Bernardo Ortiz (PSDB) provocaram sua condenação no Tribunal de Justiça/SP e a obrigação de indenizar a Prefeitura de Taubaté no valor de R$ 1,5 milhão por ter efetuado compras sem licitação para adquirir os tubos empregados no serviço.
Contratações e financiamentos
Hoje, a municipalidade está em vias de assinar contrato com a empresa Tecnogel Informática Ltda ME, vencedora da Tomada de Preço 21/13, para a realização do dimensionamento hidráulico e cálculo de vazão das bacias dos córregos localizados nas regiões dos bairros Jardim Eulália e Parque Três Marias. O custo do serviço será de R$ 117 mil. A partir destes estudos, que devem ser concluídos em 60 dias, serão realizadas obras no sistema de drenagem.
São as águas do córrego do Jardim Eulália que causam as enchentes recorrentes registradas nas vias no entorno do Mercatau, do Supermercado Shibata e da Câmara Municipal. Já as águas do córrego do Parque Três Marias, prejudicam a vida de moradores dos bairros Jardim do Sol, Jardim Ana Rosa, Jaraguá, entre outros.
Segundo Bibiano, são obras “complexas” e “caras”. Para tanto, o Palácio do Bom Conselho pretende utilizar parte dos R$ 60 milhões advindos da assinatura do contrato com a SABESP e pleitear recursos para obras de saneamento no PAC, do governo federal.
Ainda segundo o secretário, estavam previstos R$ 4 milhões para obras de saneamento no orçamento de 2013, elaborado em 2012, mas a prefeitura acabou empenhando R$ 15 milhões no setor. Parte foi empregada nas obras de recuperação da Avenida Rafael Braga, da Rua Benedito Marques (Parque Três Marias, onde uma enorme cratera surgiu por conta das águas da chuva) e na contenção de um quilômetro de margem do rio que fica atrás das casas da Avenida Cinderela, no bairro Gurilândia. Ou seja, serviu para “apagar incêndios” deixados pela administração passada. Para 2014, existe previsão orçamentária de R$ 8 milhões.
Iniciativa privada banca projeto
A enchente registrada na Avenida Charles Schneider atinge não só o estacionamento do Taubaté Shopping como as casas dos bairros adjacentes e causa problema até para o Hospital São Lucas. Segundo Bibiano, os administradores do Taubaté Shopping aceitaram a proposta de bancar com recursos próprios a realização de um projeto para ser executado pela Prefeitura de Taubaté, com o intuito de acelerar as obras.
“A tubulação colocada na administração anterior, provavelmente de uma maneira aleatória, sem calcular a seção de vazão, se mostrou insuficiente. Não adianta a gente ir lá e falar ‘vamos botar mais um tubo de dois metros’. Não é assim que se faz engenharia. Vai ter que se fazer um projeto, dimensionar isso e trabalhar em cima deste projeto. Eu propus essa parceria com o [Taubaté] Shopping, para que ele custeasse esse projeto, porque é mais rápido [quando] elaborado por um particular. Eles aceitaram a parceria”, declarou Bibiano.
Apesar de todas as iniciativas, o verão deverá, mais uma, trazer transtornos para a terra de Lobato, principalmente para a população de baixa renda.