Na quinta feira, 09, os motoristas e cobradores da concessionária de transportes públicos, em assembleia realizada por volta de 04h da madrugada, em frente ao portão da garagem da ABC Transportes, na Avenida do Pinhão, no bairro da Estiva, decidiram paralisar o dos trabalhos por pelo menos 24 horas.

Segundo José Roberto Gomes, diretor do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba, os trabalhadores não abrem mão de um aumento real nos salários. “Na pauta enviada pelo Sindicato em maio desse ano, depois de aprovada pelos trabalhadores em assembleia, nós pedimos a inflação e mais 5 % de aumento real e hoje nós estamos pedindo esse índice de 10,82%”.

Sexta 10, clima tranquilos na porta da ABC Transporte

Sexta 10, clima tranquilos na porta da ABC Transporte

A secretária de Mobilidade Urbana, Dolores Pino, a Lola, e sua equipe acompanharam toda a mobilização, e Lola se retirou por volta das 15h:00, enquanto aguardava a chegada da liminar da Justiça do Trabalho, que só chegou à noite. A empresa ABC Transportes teria que colocar pelo menos 60% da frota para operar.

Foi solicitada a presença da Polícia Militar para acompanhar essa decisão. Quando alguns ônibus se preparavam para deixar a empresa, os trabalhadores sentaram-se em frente ao portão, impedindo a saída dos veículos.

 

Versões sobre o confronto

Segundo os sindicalistas, cerca de cinquenta homens da Tropa de Choque da Polícia Militar chegaram fazendo uso de sprays de gás pimenta, bombas de efeito moral, cassetetes e disparando tiros de balas de borracha, provocando ferimentos e revolta entre os trabalhadores. Pelo menos três pessoas foram detidas e quatro feridos foram encaminhados a hospitais.

A direção do Sindicato considerou a violência policial como uma afronta aos trabalhadores, que exerciam de forma pacífica seu direito democrático. A maior prova seria a ausência de casos de vandalismo ou de ameaça à ordem pública. Um vídeo postado nas redes sociais “feito por vizinho que não quis se identificar” no perfil do vereador Joffre Neto (PSB), dá uma dimensão da versão dos sindicalistas.

José Roberto Gomes, diretor do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e condutor que foi baleado, em reunião com outro diretor da organização

José Roberto Gomes, diretor do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba e condutor, em reunião com outro diretor da organização após ser baleado na porta da garagem da ABC

Gomes denuncia a violência sofrida...

Gomes denuncia a violência sofrida…

... e exibe ferimento provocado pelo tiro com bala de borracha

… e exibe ferimento provocado pelo tiro com bala de borracha

Segundo a Prefeitura, a secretária de Mobilidade Urbana se encontrava na empresa aguardando a liminar. Quando ela se retirou, por volta das 15h:00, o clima era de tranquilidade. Posteriormente, sua equipe que permaneceu na empresa relatou-lhe que, após a chegada da liminar mantendo as mesmas condições, ou seja, desfavorável aos trabalhadores, não havia mais o que fazer além de colocar 60 % da frota para rodar, conforme determinava a Justiça. A Polícia Militar foi acionada por se tratar de um procedimento padrão.

Lola está convencida de que a greve tem motivação político eleitoreira. “Porque o Sindicato, que é regional, não fez nada em São José e Jacareí?”. Ela mesma responde: “Porque são administradas por prefeitos vinculados ao Partido dos Trabalhadores. Nunca havia ocorrido uma greve de ônibus em Taubaté”, um argumento bastante convincente. Ela relata ainda que um acordo estava prestes a ser celebrado quando chegou um advogado do Sindicato e reverteu toda a situação.

Tenente-coronel Sodário, comandante da 5º BPM-I, relata que depois que a tropa chegou ao local, o confronto só ocorreu uma hora depois de intensa negociação entre policiais e grevistas. “E, assim mesmo, foram apenas alguns minutos de uso da força para que os ônibus pudessem sair da garagem, conforme decisão judicial”, informa o comandante local da PM.

A secretária e o oficial desconheciam a existência de feridos por bala de borracha. CONTATO enviará fotos exclusivas para as duas autoridades.