O Bondão e o Metrô
Um
dia uma pessoa que nunca viu o metrô perguntou-me como é
que funciona “esse trem”. Expliquei-lhe que é
realmente um trem que circula em túneis embaixo da terra.
E como sabemos onde descer, já que não vemos nada?
Divertindo-me com o questionamento, continuei a explicação
tentando fazê-la imaginar que aqui houvesse este tipo de transporte.
Você pega o metrô na Rodoviária Nova. Lá
dentro tem um cartaz com o trajeto da linha, onde se vê os
nomes das estações: Rotatória Juca Esteves,
Mercadão, Largo do Rosário, Bom Conselho, Quartel
e assim por diante... Lendo estes nomes, você que conhece
a cidade, não saberia descer? Claro, ela me respondeu. Mas
quem não conhece, como é que faz? Quem não
conhece deve ter a indicação da estação
junto com o endereço de onde vai, acrescentei. É muito
fácil. Ela ficou pensativa e depois de alguns segundos declarou:
não sei, não; acho melhor andar de bondão mesmo.
A gente vê por onde ele vai e tem certeza de onde deve descer.
Fiquei pensando na sua dificuldade em imaginar algo tão diferente
do habitual. O certo é que ela se sentisse mais segura no
conhecido ônibus do que na escuridão subterrânea.
Achei melhor não insistir, talvez em outra oportunidade pudesse
fazê-la compreender melhor. Mas não resisti à
tentação de imaginar, eu mesma, como seria Taubaté
com metrô...
Para começar, tracei na cabeça duas linhas imaginárias.
Uma partindo do Itaim cruzaria a cidade indo até a Estiva.
Outra, saindo do Areão e passando pelo centro, chegaria aos
confins da Independência. Sonhos prematuros. Os ônibus
e “alternativos” existentes servem bem a população.
É possível locomover-se até o Registro, passando
pelo Cataguá e Marlene Miranda. Quem mora em Quiririm nunca
deixou de ir ao centro por falta de condução.
É claro que ainda não temos necessidade do metrô.
Mas já que pensei nisto, acho que poderíamos aproveitar
certos benefícios ligados à implantação
deste transporte e aplicá-los ao uso dos “bondões”.
Em primeiro lugar, seria interessante termos afixados no centro
pequenos planos da cidade. De tanto olhá-los, teríamos
melhor idéia da localização dos bairros; que
ônibus tomar para se chegar a eles; o que fica para o norte
e para o sul; onde estão exatamente monumentos como a Catedral,
o Convento de Santa Clara, a Igreja do Pilar, o Cristo, o Horto,
o Parque Monteiro Lobato, o Parque Itaim, o Museu Histórico,
a Chácara do Visconde...
Outra coisa importante relaciona-se aos trajetos. Em cada ponto
poderia haver a indicação deles. De forma clara, sintética
e bem visível. Se cada ponto tivesse um nome, facilitaria
muito a vida das pessoas. Serviria de referência também.
Mas não o mesmo nome, como vejo na avenida Felix Guisard.
Lá há seis “pontos do Belém”!.
Eu, que raramente uso o transporte coletivo em Taubaté, confesso
que só sei de um lugar onde posso pegar o ônibus para
o Cataguá, onde moro. Fica na avenida da Saudade. E se eu
estiver lá no Bosque, como faço? Quem desce na Rodoviária
Nova é obrigado a pegar um táxi, impossível
descobrir como chegar à praça Dom Epaminondas sem
ser a pé.
Pequenos detalhes podem fazer a diferença. Aproveitando o
que já existe em Londres, Roma, Paris e tantas outras cidades,
“civilizaríamos” a nossa, proporcionado maior
conforto à população e também aos visitantes.
Fico sonhando que assim poderíamos dar o exemplo e merecermos,
de fato, o título de “Capital do Vale”.
|