O Festival de Marchinhas Carnavalescas de São Luiz do Paraitinga completou esse ano 21 edições. O evento visa preservar a cultura musical local, valorizando as marchinhas no carnaval. As composições possuem linguagem própria e uma musicalidade peculiar. O festival tem reunido músicos luizenses e compositores da região, o que demonstra a forte expressão alcançada pelo evento. Em média, 8 mil pessoas prestigiam o festival.


Professor Lica, comandante da orquestra de violas de Taubaté

Nos últimos anos tenho me divertido nos dias de folia em São Luiz do Paraitinga. A surpresa de ver ressuscitado o carnaval de rua foi tão grande, que comecei a apregoar aos quatro ventos que os foliões é que estão certos. A diversão pela diversão, simples, barata e acessível a todos tem chamado a atenção e atraído à cidade gente de todo lado. Eu mesma já levei amigos de São Paulo para curtirem ali o que não temos mais em parte alguma.
Nada de desfile de escolas de samba, nada de carnaval espetáculo. O gosto de se juntar aos blocos que passam e de cantar com eles as marchinhas locais é imenso. Tudo bem organizado, barraquinhas de comida e bebida em volta da igreja, horários previstos para a saída dos blocos, banheiros públicos sinalizados, a praça enfeitada... A tendência a tornar-se cada vez melhor, pensava eu, era certa.
Só que, inesperdamente, entrou em cena algo deplorável. Não sei de onde partiu a idéia, se do povo luizense, dos vereadores, do prefeito ou de todos juntos. O fato é que resolveram ganhar mais com seu exótico carnaval.
O dinheiro que os turistas ali deixam consumindo em pousadas, casas alugadas, almoços, jantares, lanches, cervejas, cigarros e sorvetes parece-lhes pouco. Agora querem cobrar a entrada na cidade! Trinta reais por carro, parece que a Câmara aprovou!
Não ouvi dizer se o pagamento dessa taxa dá direito a um bom estacionamento, sem lama pelo chão. Parece que não. Teremos que estacionar, como antes, na estrada mesmo, e caminhar até o centro.
Tampouco ouvi dizer que tenham calculado os gastos de quem se dispõe a passar o dia por lá. Quem sai de São Paulo, S.José dos Campos, Jacareí, Lorena ou Taubaté gasta gasolina e pneus do carro. Come e bebe também. Sem contar que a maioria dos foliões é jovem, quase sempre de poucos recursos. Aqueles da vizinhança mais próxima, como os da terra de Lobato, acostumados a ir e vir durante os três dias, certamente encontrarão dificuldades em seguir animando a festa.
Esta história dos trinta dinheiros cheira a ganância.
Da mesma forma que a decisão tomada pela prefeitura de Aparecida. Não contente com o número de romeiros que diariamente visita a Basílica de Nossa Senhora e ali gasta, evidentemente, quer lucrar mais. Assistir missa, pagar promessa ou simplesmente sentir a emoção de orar num dos maiores santuários do mundo tornou-se mais caro de agora em diante. Cada ônibus que chegar à cidade terá que pagar.
Se ao menos se tratasse de módica quantia simbólica...
Os encarregados da Basílica já se pronunciaram contra a medida, não sei qual será o final da questão.
Por enquanto, rezo para que a Padroeira do Brasil proteja nossos foliões e fiéis.

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Jornal CONTATO 2006