Nos
últimos anos tenho me divertido nos dias de folia em São
Luiz do Paraitinga. A surpresa de ver ressuscitado o carnaval de
rua foi tão grande, que comecei a apregoar aos quatro ventos
que os foliões é que estão certos. A diversão
pela diversão, simples, barata e acessível a todos
tem chamado a atenção e atraído à cidade
gente de todo lado. Eu mesma já levei amigos de São
Paulo para curtirem ali o que não temos mais em parte alguma.
Nada de desfile de escolas de samba, nada de carnaval espetáculo.
O gosto de se juntar aos blocos que passam e de cantar com eles
as marchinhas locais é imenso. Tudo bem organizado, barraquinhas
de comida e bebida em volta da igreja, horários previstos
para a saída dos blocos, banheiros públicos sinalizados,
a praça enfeitada... A tendência a tornar-se cada vez
melhor, pensava eu, era certa.
Só que, inesperdamente, entrou em cena algo deplorável.
Não sei de onde partiu a idéia, se do povo luizense,
dos vereadores, do prefeito ou de todos juntos. O fato é
que resolveram ganhar mais com seu exótico carnaval.
O dinheiro que os turistas ali deixam consumindo em pousadas, casas
alugadas, almoços, jantares, lanches, cervejas, cigarros
e sorvetes parece-lhes pouco. Agora querem cobrar a entrada na cidade!
Trinta reais por carro, parece que a Câmara aprovou!
Não ouvi dizer se o pagamento dessa taxa dá direito
a um bom estacionamento, sem lama pelo chão. Parece que não.
Teremos que estacionar, como antes, na estrada mesmo, e caminhar
até o centro.
Tampouco ouvi dizer que tenham calculado os gastos de quem se dispõe
a passar o dia por lá. Quem sai de São Paulo, S.José
dos Campos, Jacareí, Lorena ou Taubaté gasta gasolina
e pneus do carro. Come e bebe também. Sem contar que a maioria
dos foliões é jovem, quase sempre de poucos recursos.
Aqueles da vizinhança mais próxima, como os da terra
de Lobato, acostumados a ir e vir durante os três dias, certamente
encontrarão dificuldades em seguir animando a festa.
Esta história dos trinta dinheiros cheira a ganância.
Da mesma forma que a decisão tomada pela prefeitura de Aparecida.
Não contente com o número de romeiros que diariamente
visita a Basílica de Nossa Senhora e ali gasta, evidentemente,
quer lucrar mais. Assistir missa, pagar promessa ou simplesmente
sentir a emoção de orar num dos maiores santuários
do mundo tornou-se mais caro de agora em diante. Cada ônibus
que chegar à cidade terá que pagar.
Se ao menos se tratasse de módica quantia simbólica...
Os encarregados da Basílica já se pronunciaram contra
a medida, não sei qual será o final da questão.
Por enquanto, rezo para que a Padroeira do Brasil proteja nossos
foliões e fiéis.
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