Por
Beti Cruz
betibia@ig.com.br
Como
tenho o privilégio de ler este jornal antes da publicação
não resisti à tentação de acrescentar
outros “produtos” àqueles que você
menciona. Sua crônica me fez voltar ao passado e pensar
em tantas coisas desaparecidas que marcaram época
e ficaram registradas na memória de gente “da
terceira idade” como nós.
Sei bem que a vida anda para frente, mas recordar não
faz mal a ninguém. Ao contrário, ajuda os
“velhinhos” a tecer comparações,
descartar o que não era bom, aceitar as novidades
e, ao mesmo tempo, ativar os neurônios!
Lembro-me bem dos cremes para a beleza das mulheres. Até
dos jingles tocados nas rádios, como o do Rugol,
cantado por um homem de bela voz empostada. E dos conselhos
para cuidar da pele, das unhas e dos cabelos que vinham
na revista Cruzeiro, sempre apresentados com fotos em close
das artistas de Hollywood.
Você falou daquilo que comprava em farmácias,
então lembrei-me dos sabonetes Eucalol, Lifeboy,
Lever e Vale Quanto Pesa (o preferido por 9 entre 10 estrelas
do cinema). Tinha também o “Sabão Aristolino”,
líquido, com o qual eu lavava os cabelos.
E o Melhora, Melhoral, é melhor e não faz
mal...?
Lembra do “Linimento de Sloan”, para contusões?
E do “carvão” para dor de barriga? O
“óleo de fígado de bacalhau” tinha
gosto horrível, mas o Calcigenol era uma delícia...
Fiquei triste quando o mercurocromo (que alguns diziam mercuriocromo)
e o colubiazol ( já ouvi columbiazol) deixaram de
ser fabricados. As crianças até forçavam
machucados só para se pintarem de vermelho.
Eu gostava muito das balas de cevada que vinham em latinhas
com letras douradas e comprava também rebuçados
e drops “Dulcora”.
Não apreciava o crush, tomava grapete ou caçulinha.
Adorava um suco de tomate chamado V-8. Não saía
da sorveteria (do Raphael) sem antes me deliciar com um
“ice-cream-soda”. Outros preferiam “frapê
de coco”.
Os “biscoutos Jacareí” faziam sucesso,
sempre que íamos a São Paulo levávamos
aquela enorme lata azul aos parentes.
Das camisas “Volta ao Mundo” lembro-me perfeitamente,
eram de nylon e não precisavam ser passadas. Eu vestia
saias de tergal, blusas de banlon e calças “três-quartos”,
ou “de pular brejo”, como dizia meu pai. Quando
me via com elas, perguntava se eu ia pescar siri...
Em Ubatuba eu ia à praia com saída de banho
felpuda.e maiô de latex tomara-que-caia.
Lembra da “calça rancheira” de “brim
Coringa não encolhe”? A precursora da famosa
calça Lee.
Você usou “alpargatas Roda”? Aposto que
“japona” também, aquele casaco escuro
de botões dourados, que deixava os rapazes com jeito
de comandantes de navio...
Lembra das pulseiras de corrente prateada com a chapinha
onde se gravava o nome do namorado ou namorada?
Tinha um perfume que as mocinhas adoravam, o “Flor
de Maçã”. Gostávamos também
do baton “Hi-Fi”. Ao passá-lo, dizíamos
umas às outras: “pode beijar que não
sai”.
Pensando bem, esses nomes todos não deixam de ser
“griffes” antigas. Saíram de moda, é
verdade, mas já foram “fashion” um dia...
Obrigada por ter-me proporcionado esta deliciosa “viagem”
à minha juventude.
|