capa
de CONTATO 144 |
Fato saudável:
Dez entre dez historiadores consultados por CONTATO, gostaram do
trabalho organizado pelo professor José Benedito Prado, diretor
do Departamento de Educação e Cultura. Além
disso, o livro, apesar da capa de gosto duvidoso, possui um belo
projeto gráfico, valorizado pela impressão colorida
em papel couché. A linguagem agradável e a riqueza
das ilustrações valorizam ainda mais o resultado.
O livro possui uma correta organização com informações
que sintetizam, com brilho, eventos históricos taubateanos.
Poderia ser perfeito. Infelizmente, existem fatos, independentes
da esfera legal, que o desabonam.
Fatos sombrios:
Benedito Prado tornou-se, do dia para a noite, um best seller
incontestável, como bem lembrou o vereador Luizinho da
Farmácia. Porém, a obra organizada pelo diretor
do DEC contém um pecado original: foi todo estruturado
em cima do livro “Núcleo Irradiador de Bandeirismo...”,
de Maria Morgado.
O livro da “primeira-dama da historiografia de Taubaté”,
expressão cunhada por Pedro Rubim, pesquisador e colaborador
de CONTATO, até hoje é referência obrigatória
para estudiosos e estudantes. O livro de Prado utiliza a mesma
espinha dorsal da obra de Morgado para maquiar o quase plágio.
Em um ambiente sério, no máximo, seria um trabalho
de “atualização” de uma obra já
existente.
Prado “produziu” o livro às pressas no museu
histórico de Taubaté. Nos primeiros dias da gestão
de Peixoto, chegou-se a ventilar a possível reedição
do livro de Maria Morgado de Abreu, idéia misteriosamente
abandonada. CONTATO apurou que o primeiro projeto apresentado
pela editora Noovha América foi considerado um verdadeiro
vexame. Professor Prado só teria entrado em campo para
salvar um projeto já adquirido (ver compra
de livros sem licitação).
Durante pelo menos cinco meses, conforme declarações
da sócia proprietária da editora, o Museu Histórico
de Taubaté foi mobilizado para realizar as pesquisas e
a seleção de textos. Fontes que preferem ser preservadas
relataram o enorme desconforto e frustração dos
antigos funcionários da casa diante do projeto que seus
novos chefes colocaram em seus colos.
“Só o apego aos cargos talvez explique a atitude
de desonestidade intelectual praticado por Benedito Prado e a
chefia do Museu Histórico de Taubaté. Eles sabiam
mais que todos que a obra de Maria Morgado é primorosa,
elaborada por uma historiadora com ‘H’ maiúsculo.
Sabiam que o livro lançado em 1991 necessitava apenas de
uma atualização. Prova disso é que chupinzaram
quase que integralmente o livro. Sairia infinitamente mais barato.
Citado na bibliografia do polêmico livro de Benedito Prado,
resta saber qual é o destino de “Núcleo Irradiador
de Bandeirismo...”. Ostracismo? Referência bibliográfica?”,
declara uma renomada personalidade.
Neste ano, quase 4 milhões de reais foram investidos em
promoções “culturais” para promover
o nome do prefeito. Qual é o retorno de um campeonato de
bandas para os artistas da terra? Quantos livros de autores taubateanos
reconhecidos nacionalmente foram reeditados? A coleção
Taubateanas continuará abandonada? Apoiar as novas gerações
de artistas e escritores, hoje, seria inimaginável pelos
inquilinos do Palácio do Bom Conselho.
Dez entre dez especialistas ouvidos por CONTATO temem pelo futuro
da historiografia taubateana. Afinal, é pouco animador
o balanço que registra, entre outras coisas, dezenas de
títulos fora de catálogo assim com novos autores
na fila de espera do mecenato oficial que só se dedica
à promoção de nossas autoridades.
O livro... |
Seria cômico, se não fosse trágica a malversação
de recursos públicos, o fato relatado ao vivo pelo vereador
Carlos Peixoto à TV que “diante da grita, nosso mais
que honrado prefeito mandou recolher todos os exemplares do livro
para aplicar uma tarja em sua foto”. A tarja preta simboliza,
hoje, o luto de nossos intelectuais diante da violência
perpetrada pelo Palácio Bom Conselho contra a cultura local.
Resumo da ópera
O livro organizado pelo professor Prado é apenas 1 milhão
e meio de reais mais caro que o da professora Maria Morgado, cujo
conteúdo ainda não foi superado, nem mesmo pela
pirataria intelectual explícita.