Professores: José Luís Poli, diretor acadêmico, Antônio Carbonare Netto, predidente da Anhanguera, e Carlos Miglinsk, diretor da faculdade Comunitária

 
Mensalidades bem mais em conta, metodologia do século 21, salários acima da média para professores, livros didáticos 50% mais baratos, alunos globalizados. Estas são apenas algumas das qualidades apresentadas pelo grupo Anhangüera Educacional à imprensa para anunciar que a partir do dia 1º estarão abertas inscrições para o primeiro vestibular que será realizado em 12 de março.

Por Paulo de Tarso Venceslau

Um espectro ronda a Unitau. A agressiva concorrência por parte do grupo Anhangüera, que este ano inaugura sua primeira unidade no Vale do Paraiba: a Faculdade Comunitária de Taubaté.
Professor Antônio Carbonari Netto, presidente da Anhangüera Educacional, que comandou a apresentação, nega qualquer intenção de competir com a tradicional Unitau que atende há mais de 30 anos a Taubaté e demais cidades do Vale. Ele afirma que uma pesquisa contratada pela entidade revela que no máximo 20% dos alunos na faixa idade ideal para ingressar em uma universidade conseguem fazê-la. Além disso, os elevados preços cobrados reforçam o afastamento dos segmentos menos privilegiados.
Carbonari pode ser considerado um mestre pop, com uma incrível capacidade de convencer quem o assiste, que seu produto é o melhor da praça. Apesar de a Faculdade Comunitária sequer ter iniciado seu ano letivo, ele promete desde trotes solidários, e politicamente corretos, até métodos pedagógicos do século 21 que simplesmente abandonam qualquer ensinamento proveniente do século passado.
Os professores serão contratados, será dada preferência aos da região, não terão liberdade de cátedra. Segundo Carbonari, o sucesso da Anhanguera estaria exatamente na sua experiência pedagógica. Portanto, os professores não poderão lecionar o que eles querem, mas sim o que for definido pela instituição. Serão treinados para que a metodologia seja devidamente padronizada.
Os alunos serão globalizados. Isto é, serão formados de acordo com a vontade dos mesmos, porém dirigidos para enfrentar a concorrência global. Para provar o sucesso dessa filosofia, apresentou uma série de indicadores que comprovariam o sucesso de seus ex-alunos no mercado de trabalho.
Carbonari exibiu uma série de livros, cujos títulos teriam sido adquiridos pela Anhanguera, que os têm reproduzidos e vendido para seus quase 20 mil alunos. Um dos livros apresentado, que teria um preço de mercado estimado em torno de R$ 80,00, ele afirmou que sua instituição o fornece por apenas R$ 18,00.
Os preços das mensalidades seriam outro atrativo. Dos 10 cursos que serão oferecidos a partir de março, o mais barato é o de Letras – com habilitação em Português e Inglês – que sai por R$ 353,00, mas que tem um preço promocional de R$ 319,00, caso o aluno pague, impreterivelmente, até o 5º dia útil do mês. Os mais caros são os cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Engenharias Mecatrônica, de Produção Mecânica e Elétrica, que têm mensalidade pelo preço cheio de R$ 546,00 ou o promocional por R$ 499,00. Entre esses dois valores estão os cursos de Administração e Ciências da Computação e Contábeis e Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda por R$ 414,00 e R$ 379,00, respectivamente preço cheio e promocional.
Outra vantagem oferecida é o compromisso de constituir um Pro-Uni próprio. Trata-se de bolsas de estudos oferecidas pelo governo federal junto ao ensino superior privado para estudantes universitário de baixa renda. Carbonari informa que esse benefício será bancado pela própria Anhanguera.

Breve Histórico

A Anhanguera Educacional, criada em 1994, já conta com 18.691 alunos, 645 professores e 580 funcionários administrativos em 11 unidades educacionais entre as quais se inclui Taubaté, onde são oferecidos regularmente 93 cursos em 27 modalidades.
A instituição informa ainda que “em 2005, foram investidos R$ 27 milhões no programa de expansão e desenvolvimento de suas unidades. Para os próximos três anos, estão programados mais R$ 110 milhões em investimento”. E completa afirmando que “além da ampla gama de cursos, a Anhanguera Educacional oferece ainda programas e convênios com o governo e as melhores empresas do mercado”.
Valmir Marques, o Biro-Biro, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, presente à coletiva, afirmou que em breve deverá fazer com a Faculdade Comunitária de Taubaté um convênio semelhante ao já estabelecido com a Unitau.

Alinhada com o governo federal

Chamou a atenção dos jornalistas presentes à coletiva a insistência com que os representantes da Anhanguera destacaram os projetos bem sucedidos do governo federal voltados para a educação. O seu presidente Antônio Carbonari Netto, por exemplo, além desses destaques, demonstrou estar afinadíssimo com Fernando Hadad, Ministro da Educação. Tanto é que, durante sua explanação, não só destacou como elogiou projetos que não tinham nada a ver com o ensino universitário.
Quando perguntado sobre a expectativa de retorno dos R$ 6 milhões investidos até agora na unidade de Taubaté, Carbonari afirmou que dentro de 6 anos, pelo menos contabilmente, deverá ocorrer esse retorno. Aproveitou a oportunidade para anunciar que aquela coletiva havia sido convocada porque o Diário Oficial da União do dia 13 de fevereiro havia publicado as portarias 491/2006 2 493/2006 autorizando o funcionamento dos seus cursos superiores de graduação.
Finalmente, concluiu: “Espero que agora deixem de desconfiar da Anhnaguera”.

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Jornal CONTATO 2006