Mensalidades
bem mais em conta, metodologia do século 21, salários
acima da média para professores, livros didáticos
50% mais baratos, alunos globalizados. Estas são
apenas algumas das qualidades apresentadas pelo grupo Anhangüera
Educacional à imprensa para anunciar que a partir
do dia 1º estarão abertas inscrições
para o primeiro vestibular que será realizado em
12 de março.
Por Paulo de Tarso Venceslau
Um espectro ronda a Unitau.
A agressiva concorrência por parte do grupo Anhangüera,
que este ano inaugura sua primeira unidade no Vale do
Paraiba: a Faculdade Comunitária de Taubaté.
Professor Antônio Carbonari Netto, presidente da
Anhangüera Educacional, que comandou a apresentação,
nega qualquer intenção de competir com a
tradicional Unitau que atende há mais de 30 anos
a Taubaté e demais cidades do Vale. Ele afirma
que uma pesquisa contratada pela entidade revela que no
máximo 20% dos alunos na faixa idade ideal para
ingressar em uma universidade conseguem fazê-la.
Além disso, os elevados preços cobrados
reforçam o afastamento dos segmentos menos privilegiados.
Carbonari pode ser considerado um mestre pop, com uma
incrível capacidade de convencer quem o assiste,
que seu produto é o melhor da praça. Apesar
de a Faculdade Comunitária sequer ter iniciado
seu ano letivo, ele promete desde trotes solidários,
e politicamente corretos, até métodos pedagógicos
do século 21 que simplesmente abandonam qualquer
ensinamento proveniente do século passado.
Os professores serão contratados, será dada
preferência aos da região, não terão
liberdade de cátedra. Segundo Carbonari, o sucesso
da Anhanguera estaria exatamente na sua experiência
pedagógica. Portanto, os professores não
poderão lecionar o que eles querem, mas sim o que
for definido pela instituição. Serão
treinados para que a metodologia seja devidamente padronizada.
Os alunos serão globalizados. Isto é, serão
formados de acordo com a vontade dos mesmos, porém
dirigidos para enfrentar a concorrência global.
Para provar o sucesso dessa filosofia, apresentou uma
série de indicadores que comprovariam o sucesso
de seus ex-alunos no mercado de trabalho.
Carbonari exibiu uma série de livros, cujos títulos
teriam sido adquiridos pela Anhanguera, que os têm
reproduzidos e vendido para seus quase 20 mil alunos.
Um dos livros apresentado, que teria um preço de
mercado estimado em torno de R$ 80,00, ele afirmou que
sua instituição o fornece por apenas R$
18,00.
Os preços das mensalidades seriam outro atrativo.
Dos 10 cursos que serão oferecidos a partir de
março, o mais barato é o de Letras –
com habilitação em Português e Inglês
– que sai por R$ 353,00, mas que tem um preço
promocional de R$ 319,00, caso o aluno pague, impreterivelmente,
até o 5º dia útil do mês. Os
mais caros são os cursos de Enfermagem, Fisioterapia,
Engenharias Mecatrônica, de Produção
Mecânica e Elétrica, que têm mensalidade
pelo preço cheio de R$ 546,00 ou o promocional
por R$ 499,00. Entre esses dois valores estão os
cursos de Administração e Ciências
da Computação e Contábeis e Comunicação
Social, com habilitação em Publicidade e
Propaganda por R$ 414,00 e R$ 379,00, respectivamente
preço cheio e promocional.
Outra vantagem oferecida é o compromisso de constituir
um Pro-Uni próprio. Trata-se de bolsas de estudos
oferecidas pelo governo federal junto ao ensino superior
privado para estudantes universitário de baixa
renda. Carbonari informa que esse benefício será
bancado pela própria Anhanguera.
Breve Histórico
A
Anhanguera Educacional, criada em 1994, já conta
com 18.691 alunos, 645 professores e 580 funcionários
administrativos em 11 unidades educacionais entre as quais
se inclui Taubaté, onde são oferecidos regularmente
93 cursos em 27 modalidades.
A instituição informa ainda que “em
2005, foram investidos R$ 27 milhões no programa
de expansão e desenvolvimento de suas unidades.
Para os próximos três anos, estão
programados mais R$ 110 milhões em investimento”.
E completa afirmando que “além da ampla gama
de cursos, a Anhanguera Educacional oferece ainda programas
e convênios com o governo e as melhores empresas
do mercado”.
Valmir Marques, o Biro-Biro, presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de Taubaté, presente à
coletiva, afirmou que em breve deverá fazer com
a Faculdade Comunitária de Taubaté um convênio
semelhante ao já estabelecido com a Unitau.
Alinhada com o governo federal
Chamou a atenção
dos jornalistas presentes à coletiva a insistência
com que os representantes da Anhanguera destacaram os
projetos bem sucedidos do governo federal voltados para
a educação. O seu presidente Antônio
Carbonari Netto, por exemplo, além desses destaques,
demonstrou estar afinadíssimo com Fernando Hadad,
Ministro da Educação. Tanto é que,
durante sua explanação, não só
destacou como elogiou projetos que não tinham nada
a ver com o ensino universitário.
Quando perguntado sobre a expectativa de retorno dos R$
6 milhões investidos até agora na unidade
de Taubaté, Carbonari afirmou que dentro de 6 anos,
pelo menos contabilmente, deverá ocorrer esse retorno.
Aproveitou a oportunidade para anunciar que aquela coletiva
havia sido convocada porque o Diário Oficial da
União do dia 13 de fevereiro havia publicado as
portarias 491/2006 2 493/2006 autorizando o funcionamento
dos seus cursos superiores de graduação.
Finalmente, concluiu: “Espero que agora deixem de
desconfiar da Anhnaguera”.